segunda-feira, abril 21, 2008

O meu lado cínico a funcionar

No Público de hoje "Saint-Gobain expande unidade de Santa Iria para fabricar novo vidro para o mercado termo-solar".
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"A Covilis, sociedade portuguesa da multinacional Saint-Gobain, vai investir 20 milhões de euros para a produção de um tipo de vidro inovador, desenvolvido pelo grupo francês, e destinado ao mercado termo-solar, anunciou o Ministério da Economia em comunicado" Porquê o ministério da economia?
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"Acrescenta que a unidade portuguesa disputou o projecto com Espanha, país que será o principal mercado de destino." Quanto é que os contribuintes portugueses vão desembolsar? De quanto será sido o valor da chantagem desta vez?
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Quando é que o ministério da economia vai descobrir que o verdadeiro motor não são as multinacionais?

9 comentários:

ZeManL disse...

A notícia também diz que irão ser criados 30 postos de trabalho qualificado, e mantidos mais 100, segundo o DN.
Neste caso, qual deveria ser a decisão mais acertada:
Deixar sair a Saint-Gobain e aumentar o desemprego ?
E as multinacionais não são uma forma de expressão da capacidade de iniciativa e investimento privado ?
Ou só o investimento nacional (seja isso o que fôr) é que é bom ?
Deve ser mesmo o seu lado cínico a funcionar...

CCz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CCz disse...

Também vi esses números sobre os postos de trabalho criados.
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Mas o meu ponto não é o que está à vista, é o que fica por revelar, quanto é que o estado, nós contribuintes, paga em benesses fiscais?
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Para mim está muito vivo ainda o que se passou com a ikea, quanto se pagou? quantas empresas portuguesas foram prejudicadas?
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http://norteamos.blogspot.com/2008/03/m-idea.html
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"E as multinacionais não são uma forma de expressão da capacidade de iniciativa e investimento privado ?"
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As multinacionais movimentam-se bem nos gabinetes e corredores do poder, ganham benesses, quanto à criação de riqueza para o país e de empregos...humm
Não esqueça que as 1000 maiores empresas em Portugal representam 8%do emprego total, peanuts.
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Em vez de andar a distribuir benesses através dos pins, devia era apostar em criar condições iguais para todos, o mercado que decida quem é que é bom. Assim, é a nomenklatura que decide.

CCz disse...

Já agora, se tiver tempo e paciência, veja uma previsão de qual será a próxima bolha especulativa.
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Será coincidência?
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http://www.harpers.org/archive/2008/02/0081908

ZeManL disse...

O projecto da Covilis é pioneiro a nível mundial, e não tem qualquer empresa concorrente, em Portugal para a mesma gama de produtos, pelo que não provocará qualquer distorção no mercado interno.
Neste sentido, como é que o “mercado” ( já agora, qual mercado ? ) pode decidir sobre a natureza e interesse deste investimento?

“As multinacionais movimentam-se bem nos gabinetes e corredores do poder, ganham benesses, quanto à criação de riqueza para o país e de empregos...humm”

E por acaso as grandes empresas nacionais não fazem exactamente o mesmo ?
Se somos a favor da globalização, (tal como tem vindo a ser desenvolvida) temos de aceitar as regras e práticas seguidas pelas empresas envolvidas, ou não é assim ?

Já agora, e se o Carlos fosse ministro da economia portuguesa, o que faria numa situação destas ?

CCz disse...

"Já agora, e se o Carlos fosse ministro da economia portuguesa, o que faria numa situação destas ?"
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Ainda pergunta?
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Trabalhava para acabar com o ministério da economia! (sei que é uma linguagem figurada)
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Trabalhava para acabar com um regime em que quem conhece o ministro (seja ele qual for) e sabe manobrar nos gabinetes, é beneficiado, face a quem se preocupa com a satisfação dos clientes-alvo.
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Lembra-se, na escola, das descrições das benesses que o rei distribuía pelos seus favorecidos?
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É a mesma coisa.
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Tem a certeza que não me conhece mesmo? ehehehe

ZeManL disse...

Seguramente que não o conheço.
Mas a sua resposta não me surpreende.
E como é óbvio ( e independentemente do ministro )não a subscrevo.
O mercado, para funcionar, precisa do Estado que, em última análise, condiciona/determina as regras do seu funcionamento.

CCz disse...

"condiciona/determina as regras do seu funcionamento."
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Uma coisa é fazer isso para todos, no geral.
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É estabeler um cenário claro, igual para todos, com regras bem definidas (não produzirás gasolina com chumbo, não empregarás crianças, terás de ser mais eficiente energeticamente, ...), outra coisa é tomar decisões caso a caso em particular. Mais tarde ou mais cedo, como no caso ikea, começa a agir como um árbitro de futebol que, durante um jogo, toma consciência que prejudicou uma das equipas inadvertidamente, e então entra no jogo das compensações, nunca mais consegue endireitar a coisa. Normalmente sabe-se quem é que sai beneficiado.

ZeManL disse...

No caso do futebol é o FCP