segunda-feira, maio 31, 2010

Clientes-alvo e Valor (parte II)

Continuado daqui.
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Aqui ao lado, em Espanha, a guerra de preços:
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"la leche ha aumentado tres puntos en volumen y ha bajado nueve en valor; el aceite ha subido tres puntos en volumen y ha caído 13 en valor, y el champú ha crecido cuatro puntos en volumen y tres en valor."
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Esta deflação resulta de uma migração de valor, consequência da alteração da percepção dos clientes sobre o que é valor, uma evolução no eixo da figura em direcção à base:
"la distribución debe salir de la 'guerra de precios' y centrarse en los servicios a los clientes. Los fabricantes, de quienes dijo que también están en esta 'guerra de precios', deben liderar la innovación y colaborar con los distribuidores.
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El objetivo, explicó, no es dar el mismo producto al menor precio, sino dar un producto mejor que sea más caro para cobrarlo más".
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Não basta querer, é preciso ter capacidade, ter competências internas, ter paciência, ter financiamento, é preciso que o mercado esteja disposto a querer e que se consiga ser único.
Até que ponto uma organização é capaz de oferecer algo de único? O que é único é diferente dos demais, o que é diferente não pode ser trocado por uma outra opção semelhante.
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Já agora, empresas que oferecem produtos e serviços únicos que o mercado prefere, são empresas que criam mais valor e que podem, por isso, ter produtividades superiores, não porque gastem menos ou porque produzam mais unidades mas porque podem vender cada unidade a um preço superior.
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O gráfico que se segue ilustra, de forma simplificada, as conclusões do artigo "Product Substitutability and Productivity Dispersion" de Chad Syverson:
"Tremendous differences in producer productivity levels exist, even within narrowly defined industries. ... When consumers can easily switch between producers, relatively inefficient (high-cost) producers cannot profitably operate (Moi ici: a quem aposta na eficácia com sucesso a maior ou menor eficiência é assunto secundário. Preocupa-me nestes artigos a concentração no tema da eficiência.). Thus high-substitutability industries should exhibit less productivity dispersion"
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Voltando ao tema inicial, agora com dois eixos podemos dividir o espaço em quadrantes:
E podemos começar a caracterizar o que se passa em cada um dos quadrantes:
Uma empresa que lida com clientes que não dão grande importância a uma compra e que tenham várias opções onde comprar, não tem grande possibilidade de criar valor. O valor potencial a criar será sempre baixo (e não adianta procurar coordenar preços).
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Uma empresa que lida com clientes que dão grande importância a uma compra, por exemplo, porque representa uma fatia importante do custo de uma produção, e que tenham várias opções onde comprar, pode jogar com essa possibilidade para extrair valor aos fornecedores e, assim, o valor potencial a criar será elevado.
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Uma empresa que lida com clientes que não dão grande importância a uma compra e que não tenham várias opções onde comprar, só tem uma possibilidade média de criar valor. O valor potencial a criar será sempre médio.
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Uma empresa que lida com clientes que dão grande importância a uma compra, e que não tenham várias alternativas sobre onde comprar, pode jogar com essa conjugação para argumentar que realmente cria valor para o mercado. Nesse caso o valor potencial a criar será muito elevado.
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Continua, pois muitas leituras podem ser extraídas da análise do conjunto dos quadrantes, até para ver como é leviano argumentar que as empresas do sul da Europa têm de baixar salários para serem mais competitivas.
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