segunda-feira, dezembro 20, 2010

Isto é um problema dentro do problema... ou o Problema?

Defendi aqui a minha tese de que precisamos de mais empresas, de que precisamos de mais empreendedores, muito mais do que precisamos de mais competitividade.
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Um problema é a correlação... ou será causalidade, quanto mais anos de escolaridade, menos espírito empreendedor:
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"Que do total de 1079 milhares trabalhadores por conta própria (incluindo aqui os que se estabeleceram como isolados e como empregadores), mais de metade tem apenas o 1.º ciclo do ensino básico ou nenhum grau de instrução. Em Outubro, eram 449,8 mil os que tinham apenas o equivalente à instrução primária e 128,9 mil os que referiam não ter qualquer nível de escolaridade completo.
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Ao contrário do que sucede entre os que estão por conta própria, entre os trabalhadores por conta de outrem o número dos que não têm nenhum nível de escolaridade completo é relativamente pequeno: são 69,3 mil num universo global de 3,8 milhões. Mesmo os que têm apenas o 1.º ciclo do ensino básico (711,3 mil) são menos numerosos do que os que possuem o 3.º ciclo (859 mil)."
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Trechos retirados de "Menos 40 mil negócios por conta própria em 12 meses"

13 comentários:

Pedro Soares disse...

Boa tarde,

Obrigado por tocar na ferida :)

O problema é perceber pq é que os "educados" não querem ser empreendedores.

Devem, ter as suas razões...

(Já abordei esse tema neste blog há muito tempo)

Pedro Soares disse...

Boa tarde,

Obrigado por tocar na ferida :)

O problema é perceber pq é que os "educados" não querem ser empreendedores.

Devem ter as suas razões...

(Já abordei esse tema neste blog há muito tempo)

Miyuki Creative Studio disse...

não querem porque nunca foram educados para tal.

baixos níveis de formação = a habituados a fazerem por eles, tentam, uns conseguem outros (muitos) falham, principalmente no exigente panorama actual.

Quem entra no ensino superior independente do curso era obrigatório uma cadeira de empreendedorismo.

acabar o curso e olhar à volta acenando com o diploma já não dá trabalho a ninguém. Os alunos não são obrigados a saber isto, mas quem os educa sim...e o que vamos fazer em relação a isso?

Pedro Soares disse...

Sabe, não acredito em cursos de empreendedorismo. Já estive num (por acaso) e acho que é coisa que não cria empreendedores... somente informa pessoas sobre o que é ser empreendedor.

Na minha opinião não é, idealmente, quem acaba de sair da faculdade que deve abrir empresas. É quem já tem uns, vá, 5 anos de experiência e já percebe como funciona um/o mercado. De outra forma a inexperiência pode potenciar a resultados desastrosos para a pessoa e para os que estão à sua volta que tb passarão a ter medo do mesmo. Por isso ensinar empreendedorismo a "crianças" (e eu sou um deles) é capaz de não ser o melhor... mas pronto.

Aqui vai uma opinião:
Para ser empreendedor deve valer a pena. Ou seja, as pessoas ver um beneficio maior que o risco. Têm de encontrar motivação.

No caso das pessoas de baixa escolaridade o beneficio aparentemente é maior que o risco (já que é a única oportunidade de concretizarem ambições e de crescerem para outros níveis salariais)

No caso dos "educados" a realidade é outra. Lanço o desafio de enumerarem quais são as vantagens para um licenciado que ganhe 1500 € limpos (o tal com experiência) para se arriscar a abrir uma empresa? Que benefícios tem, ao nível social e económico, para isso? O risco de falhar é alto? Se falhar o que vai acontecer? A sociedade aceita essa situação e até lhe dá apoios sociais?

Para que se vão chatear?

Quantos de vc são empreendedores? Estão mais ricos ou mais carecas? (eu tenho 30 anos e estou careca…)

eheh... desculpem mas não escrevo mais… deprimi pq me lembrei da careca ;) ... Acho que já percebem.

José Meireles Graça disse...

Nos blogues de esquerda onde fazem o favor de me aturar há um sentimento generalizado de desconfiança e desprezo pelo pequeno empresário português, cujo retrato-robot de indivíduo bronco, grunho, explorador, pouco imaginativo, ladrão fiscal, dependente do Estado e pouco amante de riscos - é uma espécie de moeda corrente. É talvez natural que seja assim. Mas não cesso de me surpreender que nos blogues da direita a imagem não seja muito diferente, embora diferentes sejam as ilacões. Os mesmos dados que neste post servem para tentar entender a realidade, porque a realidade é complexa, num blogue de esquerda servem para explicar concludentemente o nosso relativo atraso e para pendurar ao pescoço do PME a etiqueta da sua dele odiosa inferioridade. E é por isso que, em jeito de boutade, muitas vezes me apetece dizer que o acesso a doutoramento em Economia ou Gestão só deveria ser permitido a quem, como pós-graduação, funde, recupere ou dirija uma PME exportadora em Portugal. Afinal, para dar aulas de cirurgia exige-se o manejo prático do bisturi, não é verdade?

CCz disse...

Meus caros,
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Também não acredito em cursos sobre empreendedorismo... a menos que sejam dados por empreendedores.
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Será que a escola formata de tal forma as mentes que remove o empreendedorismo?
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Não penso na necessidades de apoios, os apoios só chegam aos eleitos, os apoios são escolhidos pela hierarquia socialista. Precisamos que seja o mercado a alocar os recursos, ou seja precisamos de facilitar a tentativa de empreender um projecto.
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Como refere Steve Blank, inicialmente o dinheiro para investir não é o problema... mas se não há retorno, se o risco é elevado por que arriscar?

CCz disse...

Caro JMG como vai desde o jantar?
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Sejam de direita ou de esquerda, quantos é que alguma vez entraram numa PME? Quantos é que alguma vez tiveram de queimar as pestanas para dar a volta a uma situação?
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Quantos é que alguma vez fizeram contas? Quantos é que alguma vez largaram a segurança das cartilhas que aprenderam e analisaram a realidade concreta?
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Os doutores comentadores macro-economistas só ilustram a sua ignorância, o seu desligamento face à realidade concreta de hoje, longe da sebenta em que aprenderam, quando avançam com soluções encalhadas no tempo e evidenciam não fazer contas. Como o demonstrou escandalosamente João Ferreira do Amaral, quando publicou as conclusões a que chegou quando fez contas e, demonstrou a leviandade dos outros.

José Meireles Graça disse...

Carlos, eu acho que um empreendedor também não pode ensinar empreendedorismo. Quando muito, pode despertar a vontade de arriscar (o que já não será pouco), mas a experiência de uns difìcilmente aproveita a outros, porque entretanto mudaram as circunstâncias, os actores e o Mundo. Dos fios condutores deste blogue tenho retido a conveniência de bem definir quem é o nosso cliente, e o que é que ele realmente quer e os concorrentes não fazem. Ou seja, um moving target de quando em vez... De outros jantares fiquei à espera. Espero que em 2011, mais cedo do que tarde ... Um abraço.

S�rgio disse...

Naturalmente, é uma questão de custo de oportunidade. Um indivíduo com formação superior numa área com boa procura, quando se lança num negócio próprio está a abdicar de um rendimento seguro, e consideravelmente mais elevado do que o de um indivíduo com a escolaridade básica.

Pode-se discorrer sobre as más condições que levam a este estado, ou sobre o (mau) panorama resultado (de empresários pouco educados).

Ou então, pode-se atacar o problema. É importante que seja fácil lançar empresas a partir de resultados de investigação universitária, é importante que seja fácil criar spin-offs de empresas existentes. Genericamente, é importante facilitar a transição do rendimento seguro, do trabalho para terceiros, para o rendimento vindo de empresas próprias.

O que nos falta? Muita coisa. Sólidas ligações universidade-indústria, ambientes académicos voltados para o mercado, fácil acesso a capital, redes de segurança social para quem arrisca em negócios inovadores, e genericamente uma cultura de risco.

Eh, acidentalmente descrevi Sillicon Valley. O problema é que ninguém, nem os Norte Americanos conseguiram reproduzir o Valley noutras paragens.

CCz disse...

Mais uma achega para o tema do empreendedorismo:
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http://www.slate.com/id/2278383/

CCz disse...

Caro Sérgio,

Obrigado pelo comentário.

Todos os empreendedores são bem vindos. No último ano trabalhei com dois gerentes com o antigo 2º ano do ciclo (actual 6ºano de escolaridade) que põem muitos licenciados no bolso no que diz respeito a pensamento estratégico.
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Todos são bem vindos, quem tiver unhas que toque guitarra, e ninguém pode saber de antemão quem é que tem unhas.

Pedro Soares disse...

Concordo com o que aqui já foi dito.

Para alimentar e não deixar morrer sem um resultado mínimo provoco:

Existe um programa na EGP chamado Cohitec (com a COTEC por trás) que procura dar apoio a "cientistas", normalmente universitários, com uma ideia de produto inovadora e com alto potencial de crescimento. (http://www.cohitec.com/)

A ideia é juntar jovens MBA, com formação em gestão, e formar uma equipa com os cientistas para procurar forma de tornar essa nova tecnologia ou ideia num produto "vendável" no mercado.

Existe posteriormente apresentações, avaliações, acompanhamentos, formações, etc etc, chegando mesmo a existirem fases de exclusão e triagem das ideias mais sólidas e com maior potencial de sucesso.

Que acham deste modelo? Como criar iniciativas destas (ou outros diferentes) "em todo o lado"?

O link abaixo mostra o video de apresentação de uma equipa portuguesa neste programa:

http://coe-jaguar.engr.utexas.edu/mediasite/Viewer/?peid=2b9eaa019d414314b37ab0c8b3b88a04

Esta apresentação aconteceu no Texas onde os Portugueses ganharam o prémio de melhor ideia de negócio.

Além deste ponto, ninguém teve uma ideia de motivar o empreendedorismo? Tv reduzindo o risco? mas como?

CCz disse...

Caro Pedro,
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Assisti à apresentação e fiquei com a ideia de que a componente tecnológica inovadora está lá.
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No entanto, a componente de modelo de negócio precisa de ser reforçada, ou o mais certo é que aquela não era a audiência certa para essa vertente.
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Não tenho soluções, é preciso é criar condições, redução do risco, para que mais gente faça a experiência de empreender. E divulgação dos casos de sucesso, muita divulgação.