sábado, novembro 03, 2012

Hoje, o que diria Ricardo?

Muitas vezes, demasiadas vezes, escrevo aqui no blogue que o tempo é o nosso recurso mais escasso, o tempo que dedicamos a uma frente de trabalho não pode ser investido numa outra frente de trabalho.
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Assim, ao longo dos anos, tenho chamado a atenção para o tempo que a indústria têxtil devia investir na criação do futuro e não desperdiçá-lo nos combates do passado, por exemplo em "Qual é o recurso mais escasso?"
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Assim, por cá, com os salários de cá, andam os governos a mexer nos custos da mão de obra, no tempo de trabalho, nos feriados, andam as associações patronais e de sector a defender o proteccionismo e esquecem  a grande vantagem competitiva da nossa indústria, a sua localização!!!
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E, quando alguém descobre que tem uma vantagem competitiva, o que deve fazer?
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B - A - T - O - T - A!!!!!!
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Agir de forma a abusar da sua vantagem competitiva!!!
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Por exemplo, inflacionando o número de épocas por ano!
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Assim, para quem escreveu em 2008 isto:
"sair duma crise estrutural e cair numa crise conjuntural."
Não deixa de ser triste, que seja um secretário de estado inglês a ver essa luz!
"Cable backs plan to boost textile industry"
Mal comecei a ler o artigo comecei a recordar o exemplo de Ricardo entre o têxtil inglês e o vinho português... e passei para a comparação actual entre o têxtil inglês e o têxtil português:
"Vince Cable will on Friday throw his weight behind an industry-led scheme (Moi ici: Interessante ser um "industry-led scheme" nesta Europa habituada à bengala do Estado por tudo e por nada) to resurrect the UK textile industry by creating up to 200,000 jobs in the next five years (Moi ici: Quantos poderão ser os criados em Portugal? Se houver "reappraisal" e espírito de aproveitamento das oportunidades, em vez de se ficar a lamber feridas e a defender um passado que não volta)
 O que se segue é tão "velhinho" já...
"for some “high fashion” clothes, such as relatively expensive jeans or shirts, it is now cheaper to base production in the UK than in China or other Asian production centres such as Bangladesh and India.
This is due to the high “hidden” costs of buying goods (Moi ici: Em linha com o nosso último postal) from suppliers in Asia at fixed prices, and then finding they can be sold only at large discounts because customers have moved on to the next trend."
E em termos de flexibilidade, rapidez, força de um cluster, como é que o sector se compara com o inglês?
"The disadvantages of buying from UK plants have decreased both because they have demonstrated they are quicker to respond to requirements for new designs, and also because labour and transport costs in Asia have gone up."
Os números do último parágrafo do artigo são interessantes pois quantificam o preço que os importadores pagam por terem uma cadeia de fornecimento muito rígida e alongada:
"For instance, for a UK- made tailored shirt, the gross profit drops from £55.86 to £53.20 when adjustments for discounting are made. The same product made in Asia sees a much bigger fall, from £60.58 to £45.58."
Que mais dizer... às vezes é desesperante não conseguir fazer passar a mensagem, falha minha certamente.

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