terça-feira, dezembro 10, 2013

Qual é o propósito da sua empresa?

Há dias no Twiiter alguém escreveu:
"Objectivo das empresas é maximizar lucro, não é maximizar quantidade de produtos vendidos por mão de obra"
Comentei:
"O objectivo das empresas é satisfazer clientes, como consequência podem, ter lucro"
Responderam-me:
"Em última instância, a satisfação dos clientes é para garantir lucros no longo prazo" 
Respondi:
"todas as organizações, excepto tribos e famílias, existem para servir outros no seu exterior, sem esse fito... nada feito" 
Depois, mais alguém se juntou à conversa com:
"O objectivo das empresas é ter lucro, como estratégia devem satisfazer os clientes." 
Ao que respondi:
"para mim é ao contrário, é como o emprego. O emprega resulta da criação de riqueza não o contrário" 
Fui recuperar esta conversa de há 5 dias, por causa deste texto, "'Culture of Purpose' Is Key To Success According To New Research From Deloitte", que o @pauloperes me referiu:
"There is a link between organizations that instill a sense of purpose and their long-term success, says a new survey just released by Deloitte. Yet, businesses are still not doing enough to create this sense of purpose and make a positive impact on all stakeholders.
...
Companies that are singularly focused on exceeding customer expectations tend to fall into this category. “So there is an empirical financial benefit to organizations that instill a purpose-driven culture,”
...
 businesses have a bigger issue than just the standard challenges of profit and loss. Most suffer from a lack of a clear purpose in the minds of customers. Punit began devoting himself and his firm to understanding the issue as a driver of financial outcomes
...
Building a purpose focused culture is also not just about supporting social responsibility activities. “It first comes from treating customers well. It’s not about transactions, but about building a relationship that exceeds expectation,”"
Qual é o propósito da sua empresa?
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Peter Drucker já respondeu a essa pergunta:
"There is only one valid definition of a business purpose: to create a customer."
Que cliente?
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Os clientes-alvo!!!
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BTW, recordar "The Dumbest Idea In The World: Maximizing Shareholder Value"

14 comentários:

Bruno Fonseca disse...

muito curioso esta discussão.

ontem discutimos. um amigo meu disse "os clientes são um mal necessário". é uma empresa muito virada para a produção.

eu referi que não, o lado comercial é o mais importante. a empresa existe para os clientes.

ao qual ele replicou " a empresa existe para dar dinheiro. quanto mais eficiente for, melhor. logo, os clientes são mal necessário".

bem haja!
Bruno Fonseca

CCz disse...

Bom dia caro Bruno,

Ontem, quando li este comentário, não pude deixar de sorrir com o que a experiência me leva a intuir.
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Juro que ainda ontem, numa acção de formação, usei o exemplo de uma entrevista recente que tive com uma encarregada de costura numa empresa que desenha e produz sapatos. Dizia a senhora "O problemas são as pequenas séries, estragam-nos o ritmo todo!".
Ao que eu respondi, simplificando: "Mas se forem encomendas maiores vão para a China"
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A experiência leva-me a intuir que a empresa do seu amigo tem uma segmentação de clientes não optimizada e alinhada com o mosaico de processos internos e a cultura da empresa. Aposto que ele não estava a falar de todos os clientes, aposto que ele estava a falar de um conjunto de clientes que lhe coloca encomendas que não ajudam na eficiência da fábrica (pequenos lotes? cores esquisitas? entregas urgentes?)
Ouso especular que o seu amigo, tão concentrado na produção e eficiência não estará a cobrar a esses clientes o distúrbio que eles colocam na sua organização da produção dado que se trata de algo intangível.
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Ou aumenta-lhes o preço (ele que veja o excelente da DOw e a marca que criaram Xiameter para evitar a canibalização e para rentabilizar o factor serviço) ou deixa de trabalhar com eles, ou muda o processo produtivo e a cultura para se ajustar a esses clientes.
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Costumo escrever aqui no blogue "O cliente tem sempre a última palavra, mas o fornecedor tem a primeira" e, na verdade, isso é muito semelhante a dizer "Alguns clientes são um mal necessário que não precisamos, ou não podemos ter"

Abraço

CCz disse...

execelente exemplo da Dow e a Xiameter (aqui no blogue)

CCz disse...

Uma citação de Agosto de 2008, nem preciso de pesquisar no blogue, que sempre trago comigo:

"As encomendas mais importantes são as que rejeitamos"
Terry Hill

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

entretanto respondi pelo linkedin.

o meu colega é apenas comercial, mas a empresa tem alguns problemas graves. e lembrei-me logo de si enquanto estávamos a discutir.

a grande vantagem da empresa, ao que me parece, é mesmo a rapidez com que consegue responder. mas são sempre encomendas pequenas, mas não conseguem repercutir no preço essa situação.

bem haja!

Bruno Fonseca disse...

já agora, estive na terça numa conferência, em que grande parte da mesma foi "dedicada" ao sector do mobiliário.

e estava um dos oradores a dizer que o estado era um empecilho, que só atrasava, etc etc etc

eis quando um dos participantes pede a palavra, e diz que o estado foi fundamental no apoio à modernização fabril, fundamental no apoio às deslocações internacionais, e que a própria associação (uma das razões para o "sucesso" do sector) recebe e recebeu apoios do estado.
apenas para referir que quando diz que "Lisboa" esqueceu-se do mobiliário ou calçado, parece-me errado, se me permite.

por outro lado, um orador que me pareceu conhecer a fundo o sector, ligado à associação empresarial local, disse claramente que os únicos concorrentes do mobiliário português eram os italianos.
os concorrentes franceses e espanhóis, segundo ele, não concorrem no mesmo campeonato. o "state of the art" é em Itália e Portugal.
e referiu ainda outra coisa curioso. ele deu uma "bicado" nos sapatos, referindo que inumeras marcas portugueses têm denominação em inglês ou italiano, e que o mobiliário, quando vai a Paris ou Itália, coloca bem alto uma bandeira portuguesa, exactamente para associarem a qualidade a Portugal, não uma imitação.

muito interessante

bem haja!

CCz disse...

Bom dia Bruno, quando chegar a Castelo Branco já devo ter uma resposta.
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Acerca dos apoios, recorde o que escrevo aqui sobre os apoios na ida a feiras. Recorde também a diferença de apoios que o calçado teve face ao têxtil e... o têxtil não deu a mesma volta, com muito mais apoios.

CCz disse...

Quanto ao ser empecilho, há sectores onde o é mais do que em outros, em todos é um sugadouro de capital vital para o nosso querido investimento

CCz disse...

Por exemplo Bruno,

Já se apercebeu da quantidade de recursos que as empresas têm de torrar para lidar com o sistema pidesco nas guias de transporte?
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Já se apercebeu da quantidade de multas que os trabalhadores passaram a pagar?

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

tenho perfeito consciência disso, hoje a tributação média nas empresas é de quase 40%! uma verdadeira loucura!

o que discordo é quando refere que "Lisboa" esquece o sector do calçado, ou o mobiliário, etc.

ps. estive noutra conferência, e na mesma um conhecido fiscalista referiu que estava a preparar um contrato de um gestor de uma multinacional em Portugal. os encargos da empresa com esse colaborador é de 450.000EUR. o salário líquido do homem não chega a 160.000EUR... inacreditável!

CCz disse...

Boas,

Na semana passada em conversa com cliente que tem de usar estas plataformas de compras da Administração Pública http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/detalhe/nem_tudo_vai_bem_no_reino_da_contratacao_publica_electronica.html fiquei horrorizado com o que se passa... é impressionante os truques que se fazem para sacar dinheiro aos incautos.

CCz disse...

Quando escrevo sobre Lisboa, escrevo sobre a "inteligentzia" que escreve isto:
http://balancedscorecard.blogspot.pt/2008/02/cuidado-com-as-generalizaes-no-h-sunset.html

Que afirma isto, veja a sucessão de nomes entrevistados pelo Le Monde em http://balancedscorecard.blogspot.pt/2010/11/act-9-3-7.html

Só alguns exemplos.

CCz disse...

Uma nota, que achou da conferência sobre o mobiliário? Ficou com a impressão que a coisa está a mexer?

Bruno Fonseca disse...

boas novamente!
desculpe só responder agora, mas tem sido uma semana complicada.

o mobiliário tem grandes dificuldades ao nível de financiamento. as várias pessoas (desde industriais a elementos das associações) dizem exactamente isto, que há muita gente com encomendas, mas que é complicado aprovar no banco algumas operações.

dizem que houve uma mudança brutal, há 10 anos exportavam 10%, hoje exportam mais de 80%. e que nas feiras, nota-se claramente a evolução positiva.
ao mesmo tempo, imensas pequenas indústrias simplesmente desapareceram.

uma das coisas mais curiosas foi de uma pessoa da associação local, que disse que quando algum amigo precisava de alguma peça, não recomendava nenhuma das grandes, solicitava sempre de alguns pequenos artesãos locais, que fazem verdadeiramente arte. e ao mesmo tempo, que era pena que essa gente, que tecnicamente era extraordinaria, não tivesse "mundo" para ir a feiras, etc etc etc.

foi muito interessante.

bem haja!