sábado, maio 16, 2015

Curiosidade do dia

O sector do tomate em Portugal é um sector que me deixa muitas dúvidas. Cheira-me a uma competitividade artificial conseguida à custa de muita injecção de euros dos contribuintes europeus.
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Recordar:

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Pelo que leio no artigo:
"Se as taxas alfandegárias de 14,4% sobre os produtos de tomate desaparecerem, como está previsto no Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento (TTIP na sigla inglesa) entre os Estados Unidos e a União Europeia, metade da indústria da UE também desaparece. O alerta é de Miguel Cambezes, secretário-geral da Associação dos Industriais do Tomate (AIT), que dramatiza, assim, as consequências do acordo de comércio para um dos sectores mais dinâmicos da agricultura nacional."
O racional para esta dramatização é fácil de explicar:
"“Entre 50 a 55% do custo de transformação é com a matéria-prima. O preço do tomate em Portugal é 80 euros por tonelada, a média europeia é 91 euros e na Califórnia [onde se concentra a produção nos EUA) é 67 euros. O segundo maior custo é com energia que, nos Estados Unidos, é 40% mais barata do que na Europa. Além disso, os EUA têm uma economia de escala sem paralelo”, detalha o secretário-geral da AIT." 
Ou seja, a indústria de tomate europeu vai ser sujeita a uma espécie de choque disruptivo, de tomate "chinês" made in USA.
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Como é que o incumbente deve resistir à entrada de um produtor low-cost com vantagem no custo?
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Tentando competir de igual para igual?
Tentando servir os mesmos clientes overserved?
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Não me parece que essa via dê resultados.
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Que estão os portugueses a tentar fazer?
"Conseguir maior competividade no lado agrícola passa por investimento em investigação e, por isso, a AIT (juntamente com o Ministério da Agricultura e a Confederação dos Agricultores de Portugal) avançou para a criação do Centro de Competências do Tomate que tem como missão aumentar a produtividade agrícola em 10% e reduzir custos na mesma proporção. O aumento do tempo de campanha também é uma das metas. “Nas fábricas [de transformação] não há nada a melhorar em termos tecnológicos, [Moi ici: Jesus, não será arrogância?] mas na parte agrícola sim. Estamos a montar estes centros de competência nos países produtores europeus”, adianta Miguel Cambezes."
Com base naquilo que escrevo aqui no blogue e pratico no meu trabalho nas empresas... acham que isto tem pernas para andar? Acham que vai dar resultados?
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Penso que não!!!
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Então, qual é a minha alternativa?
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Fugir do preço! Fugir da competição pelo preço! Nem que isso implique produzir menos.
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A AIT vê o ecossistema assim:
Considera que o mercado, a procura, é uma massa homogénea que só pensa no preço... rings a bell?
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Podiam começar por ler coisas como por exemplo "5 Myths of Selling Value to Procurement"
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Estou a escrever isto e a olhar para um livro de capa verde na estante ...
"Tilt - Shifting Your Strategy From Products to Customers" de Niraj Dawar. O título diz o que a AIT precisa de fazer.
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Ainda tenho um recorte de jornal de 2006(?) em que o director de uma fábrica de pasta de tomate ... vou procurá-lo e escrever sobre ele amanhã.

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