sábado, agosto 13, 2016

Something Wonderful Will Happen

Como é que os prisioneiros do século XX vêem a competição?
.
A competição pelo preço.
.
A competição que faz os grandes ficarem cada vez mais grandes e vai "limpando" do mercado os actores mais ineficientes, os actores que não cresceram o suficiente.
.
Só que agora estamos no século XXI e, para já, o século XXI é o Estranhistão, é Mongo.
.
No Estranhistão continuam a existir as empresas grandes, cada vez menos porque as maiores vão eliminando as maiores menos grandes, menos organizadas, menos eficientes. Contudo, para as empresas pequenas o pior já passou! E agora é sempre a abrir!
.
No Estranhistão os clientes não gostam de ser tratados como plancton. E se o online veio satisfazer os clientes overserved, e todos nós somos consumidores overserved em alguma parte da nossa vida, veio aumentar o número de clientes underserved! O online não é o veículo mais adequado para quando se pretende:

  • interacção;
  • co-criação;
  • conselho;
  • experienciação;
  • contexto;
  • ...
Muitas empresas pequenas, influenciadas pela tríade de media, académicos e comentadores político/económicos continuam a crer que o preço é a única variável que interessa e, por isso, lutam uma luta que não só nunca poderão vencer, como se desqualificam para o que interessa para fazer a diferença face aos grandes. Em Outubro passado escrevi "Isto é bonito..." mas já antes tinha escrito:
Agora, encontro mais uma peça para os alicerces que suportam o conceito do Estranhistão, esse mundo económico bem diferente daquele que o mainstream defende e conhece.
.
Em "All hail the bookshop: survivor against the odds" começo logo pelo título...
 escrito por quem observa um fenómeno com um modelo mental, e encontra um resultado diferente do que esperava sem o saber explicar.
"Ebooks are here to stay, but paper books aren’t going away and, despite Amazon, neither is the astute neighbourhood bookseller – who realises that ebooks are not an enemy vanquished and that the landscape is not what it once was, but that the local bookshop has a place in it anyway. Recently, bookshop numbers have been rising rather than falling.
...
A local bookshop is part of a community, working with schools and families and all nearby readers to link them with books they might come to love, connecting with its customers and bringing a human kind of expertise whenever it’s asked for. It is a hub for bookclubs and author events and the chance encounters that lead to the discovery of an unfamiliar writer who becomes a lifelong favourite. It remains far better than an algorithm when suggesting what book your eight-year-old niece or granddaughter might like for her birthday."
Claro que a livraria independente do século XXI não pode ter o mesmo modelo de negócio que tinha no século XX. Por exemplo, ali naquele "A local bookshop is part of a community" imaginem uma livraria especializada em livros sobre Natureza, Ecologia, Biologia, a organizar uma noite com projecção de fotos sobre fauna no Douro Internacional e bolinhos. O truque é ser especializada, o truque é não vender livros. Este é o verdadeiro truque, a famosa batota do Estranhistão, nunca vender o que se vende. OK, os clientes compram livros, mas os livros são um instrumento para algo mais na vida das pessoas e uma livraria do século XXI trabalha todo um ecossistema para esse algo mais. Até as fontes de receita têm de ser diversificadas, talvez os livros não cheguem, porque se trabalha para um nicho, talvez se possa trabalhar com autores ou especialistas organizando excursões ao Douro Internacional, ou organizando cursos de identificação de aves, ou ...
.
Perceber o que é o Estranhistão, em como difere do Normalistão que triunfou com o século XX e, perceber como o Estranhistão está carregado de oportunidades para quem conseguir ver o mundo de forma diferente é uma forma de adquirir uma postura optimista para o futuro, com os pés bem assentes na terra.



Sem comentários: