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domingo, janeiro 28, 2024

Planear capacidade, ou como nem todos estão no mesmo caldo, ou análise do contexto (parte VIII)

 Parte VII.

Gosto sempre de recordar a origem da Escola Comercial Oliveira Martins no Porto.

Em Por que é que os jornalistas não colocam perguntas impertinentes? escrevi acerca de "Indústria apela a plano “maciço” de requalificação de trabalhadores":

"Julgo que esta gente não valoriza a formação, e que isto não passa de "conversa da treta". Se valorizassem a formação tratavam-na como algo estratégico sobre o qual querem deter o controlo e não algo que tentam externalizar e pôr o contribuinte a pagar. Outros que continuam "in the last industrial revolution"."

Ainda recentemente o CEO de uma empresa com marca de luxo dizia numa entrevista:

"A falta de mão-de-obra ainda é um problema?

A especializada, sim. Eu tenho um défice de quase uma dúzia de pessoas na minha empresa e não consigo arranjá-las. E para a conseguirmos especializar um trabalhador é muito complicado, as pessoas acabam por desistir e preferem ir para restauração e o turismo. Precisávamos que o IEFP funcionasse de outra forma, tentando perceber junto das empresas quais são as suas necessidades em termos de formação, fazendo o levantamento da situação das empresas e das suas disponibilidades ou necessidades em termos de trabalhadores. Se calhar há empresas que têm gente a mais, pessoas que são válidas e que poderiam ser úteis noutros setores."

As pessoas particulares já perceberam que têm de ter um seguro de saúde porque o SNS não responde, e os empresários ainda acham que o IEFP lhes vai resolver os problemas de formação? Come on! 

Entretanto, ontem li no FT outro exemplo da parte VII, "Jewellery brands enter the classroom to help shape the next generation of craftspeople":

"Jewellery has long been an art form passed down the generations but, now, some brands are looking to broaden that transmission of skills — ensuring that it is as wide as it is deep.

Many brands incorporate organisational-level, practical training for the next generation, often alongside local institutions and labour departments."

quarta-feira, outubro 18, 2023

Planear capacidade, ou como nem todos estão no mesmo caldo, ou análise do contexto (parte VII)

Parte VI.

No domingo passado escrevi este postal "Regressar ao século XIX" elogiando a actuação de uma associação empresarial na área da joalharia. No final não resisti a uma tirada cínica:

"O meu lado cínico sorri e pensa nos que emigram para França para receber muito mais, depois do curso tirado."

Entretanto, ontem li:

"Fashion is in need of new talent in technical areas which take time to master - including leatherwork, tailoring and jewellery-making."

Pesquisando um pouco encontrei:

  • "A central pillar of the academy will be a comprehensive training program for 50 students a year, with guaranteed employment at Bottega Veneta on completion of the course." (Fonte
  • Bottega Veneta Establishes New Academy
Na semana passada numa empresa discutia-se "Capacity Planning". Se uma fábrica demora 5 anos a entrar em funcionamento, então convém estar atento aos sinais do mercado.

O chatGPT diz que que capacity planning é:

"um processo de gestão e planeamento que as organizações utilizam para determinar a capacidade necessária para satisfazer as suas necessidades futuras. Envolve a avaliação e o dimensionamento dos recursos necessários, como mão de obra, equipamentos, instalações e tecnologia, para satisfazer os objetivos operacionais e estratégicos.

O objetivo do planeamento de capacidade é garantir que uma organização tenha recursos adequados para satisfazer a procura do negócio de forma eficaz e eficiente. Isso envolve equilibrar a capacidade disponível com as necessidades projetadas, evitando tanto a subutilização quanto a superutilização de recursos."
Como ler isto sem pensar em António Costa com as calças na mão:

""Temos uma realidade objetiva que é termos um conjunto de profissionais de saúde com um nível etário onde já estão dispensados de fazer urgências", sinalizou António Costa, apontando para o facto de a lei estabelecer que a partir dos 50 anos os médicos estão dispensados de fazer urgência noturna e a partir dos 55 anos estão dispensados de fazer urgência, quer de noite quer de dia. "Por outro lado, "a formação de novos profissionais leva tempo", pelo que nesta "substituição" deverão continuar a existir alguns constrangimentos. "Vão ser dois anos onde vai haver sempre tensão", alertou o primeiro-ministro, em declarações transmitidas pela RTP3, no final da reunião com a Direção Executiva do SNS"

Afinal Todos nascidos do mesmo caldo não é bem verdade, há empresas mais bem geridas que se destacam da mediania. 

Ou como diria o ICI-man (Sir John Harvey-Jones):

"Planning is an unnatural process; it is much more fun to do something. And the nicest thing about not planning is that failure comes as a complete surprise rather than being preceded by a period of worry and depression."

O mesmo ICI-man dizia:

"There are no bad troops, only bad leaders."

domingo, outubro 15, 2023

Regressar ao século XIX

 No JN do passado dia 11, "Uma escola para servir a região que mais produz joalharia".

15 valores! Só não dou mais por causa da dependência dos apoios. De resto, um retorno ao século XIX:

BTW, a propósito de:
"AQUI NÃO HÁ DESEMPREGO 
Os cursos ficarão a cargo do CINDOR, um centro de formação, sediado em Gondomar, com cerca de 600 alunos. "Nenhum jovem de Guimarães procura formação em Gondomar diretamente. Há falta de mão de obra no setor, que até paga acima da média, portanto, esperamos aumentar o interesse das pessoas pela área", aponta João Faria. "Não há nenhum técnico de ourivesaria ou cravador desempregado", acrescenta."

O meu lado cínico sorri e pensa nos que emigram para França para receber muito mais, depois do curso tirado. 

terça-feira, março 07, 2023

Trabalho, felicidade e "estabilidade"

Isto anda tudo ligado:

"Em 2021, mais de quatro milhões de pessoas revelaram que trabalhar em Portugal está longe de ser sinónimo de felicidade. Baixos salários, vínculos precários, carga horária excessiva, gestões autoritárias e estagnação profissional estão entre as principais justificações num mercado de trabalho onde poucos se sentem felizes. Foi neste ano que mais de 197 milhões de trabalhadores na União Europeia foram entrevistados sobre o nível de satisfação laboral. Os dados reunidos pelo Eurostat mostram que 43,8% das pessoas estavam "muito satisfeitas" com a condição profissional.

...

Em contraste com a média da Comunidade Europeia, Portugal tem menos de um quarto dos trabalhadores felizes com a sua profissão (21,6%). A maioria respondeu estar "mais ou menos satisfeita", enquanto 10,6% das pessoas expressaram a sua insatisfação. Esse valor mostra que Portugal é o país com a menor percentagem de trabalhadores muito satisfeitos comparativamente às restantes regiões. 

...

No indicador da insatisfação, o país volta a surgir nas piores posições. E o segundo da lista com a maior percentagem de trabalhadores insatisfeitos, tendo quase o dobro da média europeia (5,8%). É apenas superado pela Bulgária (11,8%). A Itália é o país com menor percentagem."

Ehehehe só palpites, ninguém faz qualquer estudo para perguntar aos trabalhadores o motivo da sua opinião. E eu já estou habituado aos palpites do Bicicletas e do clube de amigos do Zé Reis.

O presidente da AEP também manda um palpite, certamente sem relação com um dos negócios mais rentáveis da organização a que preside:

"Luís Miguel Ribeiro defende de a necessidade de uma "firme aposta" na valorização do capital humano como "activo estratégico das organizações""

Ao ler este palpite pensei logo nos números sobre os suicídios: há mais suícidios, em %, em países felizes (Dinamarca) do que em países desgraçados (Grécia)? Recordo de 2014 - A felicidade é sempre uma medida relativa. Se se der mais valorização, sem dar oportunidade de escolher outro emprego, as pessoas ainda ficam mais insatisfeitas com o seu trabalho. Este meu palpite parece-me óbvio. 

Olha, o Q.E.D. vem logo a seguir no mesmo artigo:

"E o "desencantamento" é evidente nos profissionais com licenciaturas, mestrados ou doutoramentos. São os que menos expressam estar muito satisfeitos em comparação com outros países. Em mais de um milhão e meio de trabalhadores que seguiram os estudos após o ensino secundário, apenas 367 mil (23,8%) responderam nesse sentido."

Como se sai disto? Aqui vai o meu palpite:

Com algo que mete medo ao país com o presidente da república que adora a "estabilidade", deixar a concorrência funcionar, fomentar mais concorrência e, sobretudo, fomentar o aparecimento de mais empresas noutros sectores mais produtivos capazes de oferecerem melhores condições. Agora imaginem o presidente da AEP afirmar isto ... por isto é que escrevo que anda tudo ligado. BTW, é procurar caridadezinha aqui no blogue desde o tempo do 44 como primeiro-ministro:

BTW, até me admiro por não terem metido no artigo a semana dos 4 dias ao barulho.

Trechos retirados do artigo "Portugal tem dos trabalhadores mais insatisfeitos da Europa" publicado no jornal Público de ontem.

sexta-feira, outubro 21, 2022

A responsabilidade pela formação

Ao ler isto: 

"Perhaps the single most important piece of advice I gave my children as they were growing up, and that I offer in this chapter, is to treat every day as a learning opportunity. Don't make assumptions and check the beliefs of yourself or others against the actual evidence. Keep an enquiring mind. Don't assume that a convenient soundbite tells an accurate story and always recognize that you have more to learn. A comment I have heard from individuals who feel frustrated at work is: “I’ve been in this role two/three years and I haven't learned anything. They haven't provided any courses.” I find that an extraordinary viewpoint - it's your responsibility to be continually learning. There were two glaring issues that struck me when I heard such sentiments: firstly, you can always book your own course, or buy the textbooks."

Recordei logo 2008:

"A formação profissional de cada um, é um assunto demasiado importante para ser delegado em regime de outsourcing a quem quer que seja." 

E 2011:

"O seu futuro é demasiado importante para ser colocado nas mãos do seu chefe, ou patrão. É que, por mais que ele genuinamente o valorize... a empresa pode ter de fechar. Por isso, não confie a sua formação a mais ninguém." 

Trecho retirado de "Deliver What You Promise" de Bali Padda.

domingo, julho 24, 2022

Artesãos do futuro

É recorrente a queixa nas televisões e jornais de que há falta de trabalhadores. Alguns empresários e líderes associativos pedem soluções ao governo (BTW, ontem num Continente estranhei tantos repositores com aspecto de indianos/paquistaneses/bangladeshis, nunca tinha reparado)

Em tempos escrevi sobre as escolas profissionais do futuro, um retorno ao século XIX: "é para aí que vamos novamente".

"El lujo es uno de los sectores de la industria de la moda que más depende de fuerza de trabajo especializado y que más está sufriendo las consecuencias del escaso relevo generacional que hay en la artesanía.
...
Este año, LVMH tiene 2.000 vacantes disponibles de artesanos especialistas en divisiones como marroquinería, joyería, relojería y venta. “De cara a 2024, necesitaríamos unos 30.000 puestos de trabajo para asegurar la continuidad de la empresa”, sentenció la directiva.

Según cifras recogidas por WWD, el 65% de los puestos de trabajo en la industria del lujo a escala global se encontraban vacantes en 2021. En los últimos años, el remedio que han encontrado grandes empresas de lujo como Louis Vuitton, Chanel o Hermès, entre otras, ha sido la creación de programas educativos para formar a las nuevas generaciones en la artesanía.

En 2014, LVMH puso en marcha Institut des Métiers d’Excellence, una especie de escuela para formar a las generaciones más jóvenes en la artesanía. 
...
En los últimos años, el remedio que han encontrado grandes empresas de lujo a la falta de artesanos es la creación de programas formativos
...
Gucci, la joya de la corona del conglomerado de lujo Kering, también lanzó en 2018 Gucci École de l’Amour, una escuela que se centra en formar a las nuevas generaciones en procesos de fabricación y artesanía en las categorías de calzado y artículos de piel. La empresa también cuenta con Accademia ArtLab e Fabbriche, un programa interno que se centra en dar formación específica a empleados de Gucci que trabajan en las fábricas."

BTW, tenho na calha para leitura futura, "Return of the Artisan: How America Went from Industrial to Handmade




terça-feira, maio 24, 2022

Recordar o lerolero

Imaginem este cenário...

Depois, acrescentem isto, "Viele deutsche Maschinenbauer wollen einstellen":

De acordo com a associação industrial VDMA, para dizer mais precisamente, 89% dos cerca de 360 gerentes de pessoal questionados gostariam de aumentar a força de trabalho regular nos próximos seis meses. De acordo com Hartmut Rauen, Diretor Administrativo Adjunto da VDMA, as perspectivas para especialistas, engenheiros e cientistas da computação em engenharia mecânica e de instalações são, portanto, excelentes.

Recordar o Lerolero.

quarta-feira, novembro 24, 2021

Lerolero

"A aposta deverá manter-se no aumento das qualificações para "melhorar a empregabilidade dos trabalhadores e a competitividade das empresas"."

Vamos lá traduzir isto num desenho:

Eu não sou primeiro-ministro, eu não tenho carradas de assessores, sou apenas um anónimo da província. Por isso, gostava que me explicassem esta relação de causalidade... a mim, pobre ignorante da província, parece-me magia.

"Os motores de recuperação e desenvolvimento do país devem estar assentes nas qualificações e na inovação. A garantia é dada por António Costa, justificando, por isso, que é necessário continuar a investir nas qualificações. "Hoje já há um enorme consenso, uma total unanimidade, em reconhecer que o país não será mais competitivo num modelo de baixos salários e que os motores da recuperação e desenvolvimento do país assentarão, necessariamente, nas qualificações e na inovação", disse"

Então, parece que há um enorme consenso, uma total unanimidade, em reconhecer que o país não será mais competitivo num modelo de baixos salários... só se esqueceram de avisar a realidade.



E continua:

""aposta nas qualificações tem, por isso, que prosseguir".

...

a "melhor forma" de translação do conhecimento para o tecido empresarial é o "emprego das pessoas qualificadas", acrescentando que "a aposta que está a ser feita no ensino e formação profissional está a ter um impacto profundo no nosso país."

Translacção do conhecimento para o tecido empresarial ... ele só pode estar a gozar.  

Desde 2007 ou 2008 que uso o código caridadezinha para sinalizar o discurso que acredita piamente nesta relação:

Há dias, durante a leitura de "How Rich Countries Got Rich and Why Poor Countries Stay Poor" de Erik S. Reinert sublinhei estes trechos:
"Education is increasingly regarded as the key to expanding wealth in the Third World. In countries like Haiti, which specialize in non-mechanized production - in technological dead-ends - raising the level of education of the population will not help to increase the level of wealth in the population. In such countries the demand for educated personnel is minimal. [Moi ici: A conversa do primeiro-ministro de turno, se fosse do PSD dizia o mesmo, é lerolero, conversa para encher chouriços, conversa para adormecer boi. Sabem o que é passar por uma linha de embalagem de um produto acabado e ver uma pessoa que passa o dia a aplicar etiquetas, outra que monta caixas e uma terceira que mete o produto em caixa. Por mais formação que as pessoas tenham em que é que isso vai afectar a sua empregabilidade ou a competitividade das empresas? Só afecta a sua empregabilidade se houver procura por essas qualificações. Se a pessoa for muito qualificada até pode ser rejeitada com o argumento de que é demasiado qualificada para o lugar] Education is more likely to increase the propensity to emigrate. A strategy based on education succeeds only when combined with an industrial policy that also provides work for educated people, as happened in East Asia.
...
By emphasizing the importance of education without simultaneously allowing for an industrial policy that creates demand for educated people - as Europe has over the last 500 years - the Washington institutions are just adding to the financial burdens of poor countries by letting them finance the education of people who will eventually find employment only in the wealthy countries. An education policy must be matched by an industrial policy that creates demand for the graduates.
...
In my experience, well-educated Haitians are very easy to find as taxi drivers in the French-speaking part of Canada. An estimated 82 per cent of Jamaican medical doctors practise abroad. Seventy per cent of all inhabitants of Guyana with a university education work outside the country. North American hospitals vacuum up poor English-speaking countries like Trinidad for nurses, while in many places in the Caribbean Cuban nurses are the ones that keep the health sector functioning. Indirectly, the USA's absorption of Caribbean nurses helps solve Fidel Castro's balance of payment problems."

Se não há procura para gente com mais qualificações ...   A sério, procurem "caridadezinha" aqui no blogue.

segunda-feira, julho 12, 2021

Diferente do mainstream publicado

Let that calmly sink in:

"Overall, the available evidence does not support the idea that there are serious skill gaps or skill shortages in the US labor force. The prevailing situation in the US labor market, as in most developed economies, continues to be skill mismatches where the average worker and job candidate has more education than their current job requires."

Para quem ao longos dos anos escreveu sobre a caridadezinha [Moi ici: Recordar "The Predator State" e a caridadezinha ]:

"It is not clear what the apparent rise in employer complaints about skill problems represents in part because of the poor quality of information presented as part of the complaints. No doubt some component of the complaints is simply an effort to secure policy changes that lower labor costs. It may well be that some component of the complaints represents real problems associated with changes in employer behavior, such as greater outside hiring and associated increases in employee turnover and reduced training and internal development. Some of these changes might be driven by the behavior of other employers. For example, increases in turnover may be driven by the hiring practices of other employers, and smaller employers who in the past had been able to meet their skill needs by hiring skilled apprentices away from larger employers may find that there is no one to hire when those apprenticeship programs are gone. Efforts to hire skills rather than build them from within would create much more specific and variable job requirements across employers that would vastly increase not only the difficulty in hiring but also the experience of having to raise wages above current levels in order to find appropriate candidates.

The implications that follow from the above conclusions are important to consider."

Espero que Mongo implique antes o regresso ao século XIX, "Por que é que os jornalistas não colocam perguntas impertinentes?"

"The view that emerges from these arguments is one where responsibility for developing the skills that employers want is transferred from the employer onto job seekers and schools. Such a transfer of responsibility would be profound in its implications. Schools, at least as traditionally envisioned, are not suited to organize work experience, the key attribute that employers want. Nor are they necessarily good at teaching work-based skills. Those skills are easiest and cheapest to learn in the workplace through apprentice-like arrangements that one finds not only in skilled trades but also in fields like accounting and medicine. Unlike in the classroom, problems to practice on do not have to be created in the workplace. They exist already, and solving them creates value for others. Observation and practice is also easiest to do where the productive work is being done, and employment creates incentives and motivation that typical classrooms cannot duplicate." 

Tantos temas tratados de forma diferente do mainstream publicado. 

Trechos retirados de "SKILL GAPS, SKILL SHORTAGES AND SKILL MISMATCHES: EVIDENCE FOR THE US" de Peter Cappelli.

sexta-feira, agosto 07, 2020

Sinal dos tempos

Esta manhã fui surpreendido por esta pequena nota, no canto inferior direito de uma página do Público de hoje.
Interessante como uma private equity firm, ainda ontem li isto, se entretenha a comprar empresas de formação à distância.

Basta associar: pandemia, poder dos governos, dinheiro dos governos para fazer de conta que se preparam pessoas, experiência de teletrabalho ou reuniões à distância.

Claro que a minha mente retorcida imagina logo cenas ...

sábado, janeiro 13, 2018

É para aqui que vamos mesmo, outra vez

Nem de propósito. Ainda ontem, ao vir de um "Jantar de Reis" de uma empresa, conversávamos sobre o preço e a escassez deste tipo de profissionais, "After decades of pushing bachelor’s degrees, U.S. needs more tradespeople".

Entretanto, em linha com o que prevemos que terá de acontecer por cá:
"With state budgets in constant flux, colleges and experts say it’s essential that companies help pay for educational programs that directly benefit them. While that kind of cooperation has been rare, Chaffey College’s InTech Center is an example of how it could work.
.
California Steel chipped in $2 million for the education center, which it leases to Chaffey for $5 per year, said Sandra Sisco, the school’s director of economic development. Other local companies and colleges have invested, too. The center served about 1,300 students in the past year and plans to grow, she said.
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The steel company agreed to work with Chaffey mostly because it was having trouble finding enough trained workers, said Rod Hoover, its human resources manager. And if California Steel’s competitors benefit from the classes on the factory campus, many of which provide skills useful in steelmaking, so be it.
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“It was the right thing to do for our community,” Hoover said. “The selfish reason was because we needed craft workers and it was inconvenient to send them elsewhere.”"

Como temos referido por aqui em:

sexta-feira, outubro 27, 2017

"é para aí que vamos novamente"

A escola pública foi criada para servir o modelo económico do século XX. Agora, no século XXI, com o modelo de Mongo a entranhar-se e com uma demografia completamente oposta. A escola pública não consegue ajustar-se a um mundo que precisa de pessoas diferentes e não de autómatos todos iguais.

Em 2012 escrevia:
"Frequentei o 7º, 8º e 9º ano de escolaridade na Escola Comercial Oliveira Martins no Porto, uma escola criada algures no final do século XIX pela iniciativa de comerciantes para formar e preparar os seus trabalhadores. Recordo isto porque sinto que é para aí que vamos novamente, em vez de uma escola obrigatória destinada a formar legiões de robots necessários para operar acriticamente as sociedades do século XX, em vez de uma escola que pretende eliminar as nossas diferenças de idiossincrasia  e nos tenta enformar para sermos cidadãos "normais", em vez de uma escola que prepara as crianças de Pousafoles do Bispo para serem iguais e trabalharem como as pessoas de Lisboa, o que só as levará a detestar, ou ignorar, ou nunca equacionar que um futuro também é possível em Pousafoles do Bispo, vamos precisar de escolas sem programa definido em Lisboa, escolas destinadas a reviver as sociedades locais, as economias locais, os orgulhos locais."
Agora começo a encontrar com cada vez mais frequência isto:
Num país com outra cultura talvez a solução passasse por uma solução muito simples, os empresários em torno de uma associação sectorial pagavam a formação profissional e o governo cortava um valor equivalente nos impostos a cobrar.

quinta-feira, setembro 28, 2017

Derrubar/baixar barreiras à entrada

Ontem li "En Bretagne, une personne sur trois est surqualifiée pour son job" e foi um festival de pensamentos que emergiram... lembrei-me da caridade, metáfora para os que acreditam que é uma questão de oferta e não de procura.

Lembrei-me da previsão que faço acerca de Mongo e da ascensão/regresso dos artesãos. Lembrei-me que quanto mais as pessoas têm formação menos predispostas estão para empreender. E os artesãos do futuro serão, muitas vezes, gente com formação superior mas capazes de serem fazedores e artistas  que interagem com tribos com as quais reforçam laços e co-criam valor.

Lembrei-me das barreiras fiscais que os Estados conluiados com os incumbentes ergueram, mantêm e até reforçam, para reduzir a probabilidade de gente com ideias fora da caixa aparecer e disrupcionar o status-quo.

É preciso derrubar/baixar as barreiras para que mentes livres de modelos mentais do passado arrisquem com mais frequência na criação de experiências de co-criação mais poderosas e que requeiram naturalmente e possam suportar gente com mais formação.

sexta-feira, maio 13, 2016

Formação e desemprego. Realidade e mitos

Ainda há dias, nesta "Curiosidade do dia", abordei o tema da relação do emprego com formação académica. É um tema velho neste blogue. Recordar, por exemplo, "Vamos brincar à caridadezinha" de 2008.
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A frase que comentei recentemente era esta:
"João Cerejeira não tem dúvidas de que o principal problema do mercado de trabalho em Portugal é a qualificação dos trabalhadores, “seja por via da educação formal, seja por formação no posto de trabalho”. “No futuro, é de esperar que as tendências mais recentes se reforcem: uma cada vez maior dificuldade de integração no mercado de trabalho dos jovens ou dos mais velhos desempregados que têm uma formação inferior ao ensino secundário”, alerta."
Não acredito na validade desta afirmação. Pois bem, ontem apareceu mais uma peça a suportar a minha opinião, "Jovens licenciados totalmente excluídos da retoma do emprego":
"O novo inquérito ao emprego mostra que ser jovem e licenciado continua a ter pouco retorno. E reveste-se de perigos para o futuro próximo. O desemprego prolonga-se, o emprego é mais difícil de encontrar, o grau de alienação destes diplomados até está a aumentar, muitos deles nem sequer estão em formação ou a estudar, o que consiste num risco maior para a sua empregabilidade futura.
...
Como se referiu, há sinais favoráveis no novo inquérito ao emprego. O desemprego jovem (todos entre 15 e 34 anos) é de facto muito menor do que no passado recente. Este recuou 6,6%, para 268 mil casos. Assim é porque os menos “escolarizados” compensam o que está a acontecer nos diplomados."
 O gargalo nunca foi a formação dos trabalhadores, o problema não é a oferta. O problema é a falta de empreendedores, a falta de procura.
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A realidade é uma. Como a realidade não está de acordo com a ideologia ou as boas intenções opta-se por mistificar a realidade. E volto a Galbraith:
""Job training is a canonical example of the well-brought-up liberal's [Moi ici: Atenção à conotação americana para o termo] urge to make markets work. The policy follows from an argument about the nature of unemployment and low wages, and as with neraly all similar exercices, the argument begins by assuming the existence of a market.
...
The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid."
Já hoje, li "Desemprego aumenta nos portugueses com ensino superior":
"Entre os grupos populacionais mais afectados pelo agravamento do desemprego estão as pessoas entre os 25 e 34 anos, com formação superior." 

domingo, novembro 02, 2014

Caridadezinha strikes again

"A falta de qualificações é visível nas próprias estatísticas do INE sobre o emprego, que serão atualizadas na quarta-feira. Distribuindo os 4,5 milhões de empregados pelos vários níveis de ensino, verifica-se que 52,6% têm apenas o ensino básico, 23,7% completaram o ensino secundário e eventualmente alguma formação pós-secundário. Com licenciatura completa, Portugal tem apenas 23,5% da sua força de trabalho, ou seja, pouco mais de um milhão de trabalhadores."
É visível? Como sabem? Existe um referencial mundial que diga o que é bom para todos os países? Cuba deve estar muito bem colocada nesse referencial, aposto!
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Se há falta de qualificações porque emigram os licenciados?
""A subqualificação da população ativa portuguesa é o principal problema do país."
Ai é?!?! Pensava que era a falta de emprego.
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A caridadezinha ataca outra vez.
""Job training is a canonical example of the well-brought-up liberal's [Moi ici: Atenção à conotação americana para o termo] urge to make markets work. The policy follows from an argument about the nature of unemployment and low wages, and as with neraly all similar exercices, the argument begins by assuming the existence of a market.
...
The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid."
Trechos iniciais retirados de "Mais de metade dos trabalhadores têm qualificações a menos"
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Não percam esta justificação de um professor do ISCTE, ainda bem que os meus filhos não passarão por essa escola. Uma escola com professores deste calibre argumentativo não pode ser coisa boa:
""Este estudo tem uma virtude, pois chama a atenção para um dos nossos principais problemas, o da subqualificação dos ativos. Mas o principal problema está em haver poucas ofertas pelas empresas, porque há uma crise económica profunda decorrente da austeridade fundamentalista que acompanha as políticas macroeconómicas. A dita sobrequalificação decorre sobretudo deste equívoco. O problema fundamental do emprego em Portugal, a começar pelos jovens, é não haver um crescimento económico que se aproxime de 2% e permita absorver as novas gerações que vão chegando ao mercado de trabalho", explica Francisco Madelino."
Bom mesmo eram os tempos em que se torrava dinheiro dos contribuintes futuros, nós agora, a fazer betão e a empregar artificialmente gente na construção civil e a a atraí-las da escola para o trabalho com remuneração baixa já hoje. Se querem lidar com a baixa qualificação, recordem o "The Marshmallow Test" e pensem como ensinar a investir no futuro.
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Lembram-se do presidente da câmara de Guimarães?  

quinta-feira, dezembro 05, 2013

O que é importante é trabalhar para a estatística dos níveis de qualificação

Ás vezes encontram-se relatos que permitem vislumbrar a teia de enganos em que a formação profissional está metida. Não admira que ela esteja tão mal vista e com uma imagem tão degradada. Este texto é impressionante "Licenciados impedidos de fazer cursos técnicos" e mostra a verdadeira fantochada de muita formação profissional. Pena que gente interessada veja as suas pernas a serem cortadas por regras burocráticas absurdas:
"Os licenciados desempregados que querem fazer cursos técnicos como cabeleireiro, restauro ou agricultura esbarram nas regras do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que os impedem de frequentar formações de nível inferior às suas habilitações. Mudar de vida parece não ser uma opção.
Apesar de o Estado gastar milhões em acções de formação - este ano estão orçados 460 milhões de euros, para desempregados e activos -, muitos queixam-se de frequentar cursos inúteis e serem impedidos de fazer as formações que desejam.
...
Fonte oficial do IEFP esclarece que “as acções de formação de nível 2 e de nível 4 são dirigidas a candidatos detentores de habilitações inferiores ao 9.º ou ao 12.º ano, respectivamente”, sendo que “os desempregados licenciados já são, para todos os efeitos, detentores de uma qualificação de nível 6”. Daí que as soluções que lhes são apresentadas “centram-se noutras ofertas mais ajustadas ao seu perfil”. (Moi ici: Grande parvoíce, os burocratas só pensam nos níveis e mais níveis, não percebem que há gente interessada genuinamente em fazer um curso, não por ser obrigada para poder continuar a receber o subsídio, mas para mudar de vida???!!!)
...
“Um dos cursos que me propuseram foi de Gestão de Stress. Faz algum sentido? Como é que isso me vai ajudar a encontrar emprego?” - pergunta Clara, que está inscrita no centro de emprego desde Janeiro, mas só em Outubro foi chamada para fazer formação. Perante as opções que lhe deram, escolheu Inglês para Atendimento: “Como são 25 horas, duvido que vá aprender alguma coisa, mas sempre é melhor que Gestão de Stress”. Nas aulas, encontra gente desmotivada, forçada a estar em cursos que não sente como mais-valia. “É uma espécie de ATL para adultos”.
...
“Estes cursos são uma ficção paga por todos nós”, resume Luís Bento, lembrando que só entre 1989 e 1990 gastaram-se “mil milhões de contos” em formação profissional. “Nesses dez anos, não deixámos de ser o país da UE com mais baixas qualificações”.
...
O especialista defende que Portugal deveria optar por um modelo de cheque-ensino para a formação profissional. “É mais eficaz e mais barato, porque cada um pode escolher a formação que considera mais adequada”.(Moi ici: Mas isso iria acabar com muitos esquemas de obtenção de dinheiro fácil em que os clientes não são os formandos potenciais e os seus potenciais empregadores mas os burocratas)"

terça-feira, julho 16, 2013

Apostar na formação

O livro de Rita McGrath, "The End of Competitive Advantage", expõe a ideia do fim da vantagem competitiva sustentada, todas as vantagens competitivas são transientes!
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Esta ideia, todas as vantagens competitivas são transientes, também explica esta evolução "Prepare for the New Permanent Temp".
"The most serious question going forward is not simply whether or how more full time jobs return, it's whether or how part-time and temporary workers become more valuable. Will employers invest in developing the knowledge, human capital and capabilities of their contingent workforces and independent contractors? Or is the new "permanent temporary" merely about a fair day's work for a fair day's pay?"
A formação de cada um é demasiado importante para ficar nas mãos de um empregador... recordar Janeiro de 2008 "O velho existencialismo..."
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Um dos problemas é que a escola prepara-nos para sermos vasos à espera de serem enchidos... ainda na semana passada ouvi um dirigente de uma associação de directores escolares (?) defender que deviam ser as escolas a escolher as opções dos seus alunos.

segunda-feira, abril 02, 2012

Brincar à caridadezinha

Se conjugar estes dados daqui "Não me canso de me impressionar..." com estes dados daqui "Estado gastou dois mil ME em medidas ativas de emprego" fica fácil perceber porque é que a maior parte desse dinheiro é para dar emprego aos formadores e, financiar instituições que vivem da formação dos desempregados.
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Vão sentar trabalhadores da construção civil numa sala de aula e ensinar-lhes o quê?
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Para voltarem novamente para a construção civil?
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Vão sentar professores numa sala de aula e ensinar-lhes o quê?
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Para voltarem ao ensino?
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Sábias palavras as de James K. Galbraith acerca do brincar à caridadezinha.
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Pouco adianta embelezar a oferta quando o problema é de procura.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Um dos mitos sobre a produtividade

Chamo a atenção para as palavras de Camilo Lourenço sobre a formação escolar dos trabalhadores e a sua relação com a produtividade  aqui.
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Recordar este postal de 2007 sobre os mitos e as frases feitas, ou este de 2008 ainda sobre os mitos sobre a produtividade.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Get a life!

Ontem no JdN no artigo "Portugal é mais vulnerável no trabalho menos qualificado" encontrei:
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António B Moniz sociólogo, professor universitário na Faculdade de Ciência e Tecnologia e no Karlsruhe Institute of Technology afirma:
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"A actual destruição de empregos é devida apenas à conjuntura económica ou também à evolução tecnológica?
Sobretudo devido à conjuntura económica Essa conjuntura tem implicado a deslocalização de actividades produtivas criadoras de emprego. (Moi ici: Agora que estamos a assistir ao refluxo da deslocalização, agora que o México e os estados do sul "confederado" estão a ser mais baratos que a China, agora que os importadores europeus começam a deixar a China e a regressar a Portugal é que continuam a culpar a deslocalização? Não será que esta actual destruição de emprego não está relacionada com uma economia interna sobredimensionada?) E trata-se de postos de trabalho de elevada competência profissional assim como menos qualificados. Essa deslocalização afecta todos os tipos de empregos. Do ponto de vista social Portugal é mais vulnerável ainda em termos de postos de trabalho menos qualificados vejam-se os sectores da electrónica dos componentes automóveis (Moi ici: Sim, veja-se o caso da Preh, por exemplo), do calçado, (Moi ici: Depois desta calinada... que dizer... Então, Dr Moniz, vive em que mundo? Acha mesmo que o emprego está a ser destruído no sector do calçado português??) do vestuário, (Moi ici: Então, Dr Moniz, vive em que mundo? Não sabe que o têxtil português está a voltar à mó de cima??) da alimentação, da  construção civil  (Moi ici: Então, Dr Moniz, vive em que mundo? Acha que o sector da construção está em queda por causa das deslocalizações? Não será por estar sobredimensionado? Não será por causa da evolução demográfica? Não será por causa do colapso da economia de bens não-transaccionáveis??)  etc
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O que tem de mudar na formação?
Obrigar as empresas que recorrem a financiamento público a desenvolver não apenas um plano financeiro de investimento a ser avaliado mas também um plano de formação dos seus recursos que deveria ser também avaliado em conjunto.  (Avaliado por quem? Pelo Dr Moniz? Não será melhor deixar essa tarefa ao mercado? Se a formação é assim tão valiosa, então, os que não apostarem nela serão batidos pelos concorrentes que o fizerem. Assim, rapidamente o spillover passará a mensagem de que a formação é um factor determinante para o sucesso... Se o Dr. Moniz nem sabe o estado do calçado... como poderia avaliar um plano de formação?)
Essa formação deveria articular-se mais com a oferta formativa do sistema de educação do ensino para adultos. A formação mais avançada deveria articular-se com o ensino superior politécnico e universitário.  (Moi ici: LOL, o Dr. Moniz sabe como é que os professores universitários dão aulas? Se eles não customizam as suas aulas para os alunos das licenciaturas, acha que iriam adaptá-las para alunos heterogéneos que querem resolver problemas concretos? Já os imagino, numa formação para reduzir os acidentes em fábrica começariam por falar da legislação, depois... )  Deveriam utilizar-se sinergias"
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