Mostrar mensagens com a etiqueta pedagogia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta pedagogia. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, outubro 08, 2010

Andragogia versus Pedagogia

Esta semana, em dois dias consecutivos, em locais completamente diferentes, pessoas diferentes comentaram comigo o desconsolo que é, após vários anos de vida profissional, voltarem à universidade para um mestrado e apanharem os académicos sem experiência profissional, que continuam a tratar os mestrandos adultos e independentes economicamente como se fossem alunos da licenciatura com vinte e pouco anos.
.
Elogiam os poucos professores com vida profissional fora da universidade por que trazem casos reais de aplicação prática quase imediata, por que contam histórias e exemplos, por que contam situações concretas que viveram e erros que cometeram.
.
Ao ouvi-los, num dos casos, por que tinha um PC com acesso à internet à mão, fui ao Google e digitei "Andragogy". Aí, escolhi a página na wikipedia:
.
"Andragogy consists of learning strategies focused on adults. It is often interpreted as the process of engaging adult learners with the structure of learning experience. Originally used by Alexander Kapp (a German educator) in 1833, andragogy was developed into a theory of adult education by the American educator Malcolm Knowles.
Knowles asserted that andragogy (Greek: "man-leading") should be distinguished from the more commonly used pedagogy (Greek: "child-leading").
Knowles' theory can be stated with six assumptions related to motivation of adult learning:[1][2]


  • Adults need to know the reason for learning something (Need to Know)
  • Experience (including error) provides the basis for learning activities (Foundation).
  • Adults need to be responsible for their decisions on education; involvement in the planning and evaluation of their instruction (Self-concept).
  • Adults are most interested in learning subjects having immediate relevance to their work and/or personal lives (Readiness).
  • Adult learning is problem-centered rather than content-oriented (Orientation).
  • Adults respond better to internal versus external motivators (Motivation)."
A metodologia que funciona com jovens e crianças (vasos receptores de conhecimento sem experiência de vida que possa pôr em causa os ensinamentos do "professor") não funciona com adultos.
.
Quando alguém com experiência de vida profissional é convidado para dar formação sobre um tema com o qual lida regularmente fora do circulo académico, tem tendência  a apresentar casos, exemplos, histórias... tem tendência a conjugar histórias ("storytelling") com dados estatísticos... e o que somos nós senão seres hardwired no nosso cérebro para ouvir e contar histórias?
.
"Storytelling is the most powerful way to put ideas into the world today.":
.
"Stories are all around us. They are what move us, make us feel alive, and inspire us. Our appetite for stories is a reflection of the basic human need to understand patterns of life — not merely as an intellectual exercise but as a personal, emotional experience. Stories are the way to reach out to people and emotionally connect.

Yet most of us are used to the business-as-usual approach to communicating ideas, looking at the umpteenth Powerpoint bullet list or Word document."

quinta-feira, agosto 07, 2008

Andragogia versus Pedagogia

Uma das coisas que me arrelia solenemente no negócio da formação de formadores, e no da renovação da formação de formadores é a demonstração de atraso intelectual continuado ao continuar a martelar a tecla da pedagogia.
.
Pedagogia é para professores que lidam com crianças e jovens sem experiência de vida.
Pedagogia é para quem pode transmitir conhecimento para receptores que não o põem em causa.
.
Contudo, na formação de adultos, receptores acríticos e sem experiência de vida é a última coisa que um formador pode esperar ter entre os formandos.
.
Quando se dá formação a adultos procura-se transmitir conhecimento. No entanto, o conhecimento só por si não muda o comportamento dos adultos. É preciso persuadir os adultos a mudar os seus comportamentos.
.
“Why is persuasion so difficult and what can you do to set people on fire?”
.
“There are two ways to persuade people. The first is by using conventional rhetoric, which is what most executives are trained in” … “But there are two problems with rhetoric. First, the people you’re talking to have their own set of authorities, statistics, and experiences. While you’re trying to persuade them, they are arguing with you in their heads. Second, if you do succeed in persuading them, you’ve done so only on an intellectual basis. That’s not good enough, because people are not inspired to act by reason alone.”
.
E é isto que falha quando se procura a pedagogia para formar adultos, é ignorar que o formando não é um vaso vazio à espera de ser enchido. É ignorar que o formando não está disposto a aceitar sem reservas tudo o que lhe despejam durante uma acção de formação. Daí que não cesse de me admirar com a tão pouca atenção que se dá em Portugal à andragogia.
.
Trechos retirados do artigo “Storytelling that moves people – A Conversation with Screenwriting Coach Robert McKee” publicado em Junho de 2003 na revista Harvard Business Review.
.
Continua

terça-feira, novembro 20, 2007

Porque é preciso mudar?

" 'what to change' question suggests systematically identifying, and then removing, internal and external constraints, regardless of the functional location o these constraints.
For many firms, there must be a 'felt need' to change, followed by the power, authority and willingness to inaugurate the desired changes."
...
"The need to change must first be perceived as a positive condition by the individual before resistance to change can be overcome. In essence, ownership of the idea that change is needed must be realized by the corporate power structure or the CEO directly. The importance of recognizing the need to change is most likely true for divisions or entire companies as much as it is for individuals."
...
"... the felt need to change had to be acknowledged before effective changes were realized by the companies depicted. For many of these companies, symptoms such as loss of market share, costs getting out of control and products that were no longer competitive, became the realization that change must become the norm." (Manufacturing Stratey and the Theory of Constraints", de FC 'Ted' Weston).
O mesmo que se aplica às empresas, aplica-se aos individuos. De que serve uma acção de formação, para adultos, se esses adultos não reconhecerem previamente a necessidade de mudar comportamentos ou técnicas?
Sou bombardeado, nas minhas caixas de correio, com convites para acções de formação em que se inclui o termo pedagogia. Se soubessem, se imaginassem o quanto isso me aborrece!
Pedagogia é para crianças, é para jovens, é para dependentes sem experiência de vida.
Até parece que os adultos estão disponíveis, para de ânimo leve, trocarem as suas certezas e experiências quotidianas, pela 'catequese' de alguém, numa acção de formação.
Primeira regra, que tento seguir, identificar os pontos fracos, os sintomas, as manifestações de que a prática actual não serve, é incompleta ou está errada. Ou seja, primeiro apontar ao coração, ao sentimento... sem isso feito, nunca haverá campo aberto, dúvida, curiosidade, para dar uma oportunidade à nova técnica.

sábado, agosto 04, 2007

Pedagogia vs Andragogia

Na Escola aplica-se a pedagogia.
O professor está lá para ensinar, os alunos estão lá para aprender.
O professor tem experiência de vida, é independente!
Os alunos (crianças, adolescentes, jovens) vivem em casa dos pais, não têm experiência de vida.

Quando se dá formação a adultos a situação é bem diferente.
Um formador não pode, não deve, utilizar as mesmas técnicas que se usam na Escola, por que não vão resultar.
Um adulto tem experiência de vida, é independente, gere a sua vida. Tudo o que o formador tenta transmitir é sujeito a um filtro "O que o tipo está a transmitir, encaixa-se na minha experiência ou não? Reforça a minha visão do mundo ou não?"

Se reforça tudo bem, mas então para quê essa formação?
Se contradiz a experiência de um adulto ele vai ripostar, pelo menos mentalmente, e vai resistir à mensagem.
Um formador de adultos, antes de transmitir uma mensagem, tem de primeiro estilhaçar a resistência à novidade, por exemplo, levando os adultos a descobrir as contradições, as falhas, as lacunas da experiência actual. Assim, o formador conseguirá criar a preparação mental e a motivação no adulto, para aprender.

A minha referência, no que diz respeito à andragogia, é Malcolm Knowles . Do seu livro "The Adult Learner" retirei uns trechos que salientam as bases da andragogia:

"1.The need to know. Adults need to know why they need to learn something before undertaking to learn it. (...) the first task of the facilitator of learning is to help the learners become aware of the "need to know.""

"2.The learners' self-concept. Adults have a self-concept of being responsible for their own decisions, for their own lives. Once they have arrived at that self-concept they develop a deep psychological need to be seen by others and treated by others as being capable of self-direction. They resent and resist situations in which they feel others are imposing their wills on them. This presents a serious problem in adult education: the minute adults walk into an activity labeled "education," "training," or anything synonymous, they hark back to their conditioning in their previous school experience, put on their dunce hats of dependency, fold their arms, sit back, and say "teach me." This assumption of required dependency and the facilitator's susequent treatment of adults students as children creates a conflict within them between their intellectual model - learner equals dependent - and the deeper, perhaps subconcious, psychological need to be self-directing."

(E então, como acontece cada vez mais, quando num mestrado aparecem mestrandos dos dois tipos... adultos independentes, com experiência de vida e recém-licenciados...)

E agora, condensando ainda mais:

"3.The role of the learners' experiences. Adults come into an educational activity with different experiences than do youth. There are individual differences in background, learning style, motivation, needs, interests, and goals, creating a greater need for individualization of teaching and learning strategies. The richest resource for learning resides in adults themselves; therefore, tapping into their experiences through experiential techniques (discussions, simulations, problem-solving activities, or case methods) is beneficial."

"4.Readiness to learn. Adults become ready to learn things they need to know and do in order to cope effectively with real-life situations. Adults want to learn what they can apply in the present, making training focused on the future or that does not relate to their current situations, less effective."

"5.Orientation to learning. In contrast to children's and youths' subject-centered orientation to learning (at least in school), adults are life-centered (task-centered, problem-centered) in their orientation to learning. They want to learn what will help them perform tasks or deal with problems they confront in everyday situations and those presented in the context of application to real-life."

"6.Motivation. Adults are responsive to some external motivators (e.g., better job, higher salaries), but the most potent motivators are internal (e.g., desire for increased job satisfaction, self-esteem). Their motivation can be blocked by training and education that ignores adult learning principles"


Assim, a andragogia convida os formadores a basearem o programa de uma experiência formativa na experiência e interesses dos formandos.
Como cada grupo de formandos contém um configuração de personalidades e idiossincrasias, diferentes passados e experiências de vida, diferentes orientações e motivações, diferentes níveis de preparação para a aprendizagem, e diferentes estilos de aprendizagem... estão já a ver o filme, os formadores, como facilitadores da aprendizagem, deveriam evitar programas e abordagens padrão para facilitar a aprendizagem. Algo que choca com o mercado da formação, visto que se trata de um mercado de preço-baixo, que não está disposto a pagar o investimento na customização de uma experiência formativa. Resultado, muita da formação serve para efeitos estatísticos e aconchego de consciências e pouco mais.

OK caro aranha?