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sábado, fevereiro 18, 2012

Acham isto normal?

Há coisas... esquisitas:
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Reparem:
Basta pesquisar um pouco na internet para perceber:
E perante este desempenho, o que é que leio?
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Acham isto normal?

sábado, fevereiro 20, 2021

"You'll walk alone!"

"António Saraiva pede estratégia ao Governo “para lá da crise”"

Este é o título que o caderno de Economia do Expresso de ontem usa num comentário a uma carta do líder da CIP aos empresários associados. Portanto, é o governo que tem que dar a estratégia às empresas para que elas encontrem o El Dorado?

"“Portugal não pode conformar-se com o crescimento anémico das últimas duas décadas, em que ano após ano somos ultrapassados no ranking europeu do produto interno bruto (PIB) per capita.” [Moi ici: Nunca o ouvi comentar as proclamações do governo com a baboseira de que estávamos a crescer mais do que a média europeia] Por isso, defende que 2021 “é a oportunidade para darmos um ‘abanão’ ao nosso modelo de crescimento, à forma como é visto o mundo dos negócios e nos tornarmos um país mais competitivo”, [Moi ici: Será que ele faz ideia do que é isto de um país mais competitivo? Os países não competem, escrevia o velho e são Krugman. As empresas é que competem. Como é que a economia de um país (somatório das suas empresas) fica mais competitiva? Ah! Se Saraiva estudasse o ressurgimento finlandês após a queda da União Soviética... aprenderia aquela frase na coluna das citações ali ao lado "In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."  Imaginam Saraiva dizer aos associados da CIP que um país mais competitivo significa que alguns, (Poucos? Muitos?) dos associados têm de ser expulsos do mercado por concorrentes mais competitivos. Imaginam mesmo?] frisando que “a ambição está  muito longe de ser o regresso ao passado: o objetivo é um novo ciclo de desenvolvimento sustentado”,

...

“Tão ou mais importante do que avaliar a situação e propor medidas no imediato é o futuro. É preciso ter uma estratégia de desenvolvimento [Moi ici: Portanto, uma estratégia de desenvolvimento para o país tem de ser top down, uma espécie de master plan elaborado por uns iluminados lesboetas, sem contacto com a realidade para lá do ecossistema das carpetes e biombos dos escritórios. E tem de ser um documento único? ... E o que é válido para o sector A também é válido para o sector B? E dentro do sector C, o que é válido para a empresa i também é válido para a empresa ii e para a empresa iii? Isto parece-me conversa de gente perdida que não tem a minima noção de como sair do buraco e pede a outrém uma corda para o tirar de lá] e olhar o país para lá da crise”"

...

"a CIP está a “preparar um documento estratégico que convoque a todos para a necessidade de  assumirmos, de uma vez por todas, a necessidade de o país ganhar competitividade, prosseguir o desenvolvimento, ter mais e melhor investimento e emprego”, [Moi ici: Catequese... prometer um mar de rosas... e os sacrifícios? Toda a gente quer ser rica e ter saúde, ninguém quer ser pobre e doentio. Azar, ter estratégia é fazer sacrifícios. Onde é que Saraiva escreve sobre a necessidade de os fazer? Onde escreve sobre a necessidade de fazer escolhas dolorosas?] escreve na missiva aos empresários. 

...

Saraiva defende “um pacto social para o crescimento, que inclua a política de rendimentos, os eixos da competitividade a política fiscal, revisitando a política fiscal e dando-lhe previsibilidade”.[Moi ici: Às segundas, terças e quartas pede apoios ao governo, às quintas, sextas e sábados protesta contra o nível da carga fiscal. Blahblahblahblah só lugares comuns. Por que terá escrito a carta? Para comunicar estes lugares comuns?]  E remata: “Temos de fazer o caminho de uma nova especialização do nosso modelo de desenvolvimento. Isto exige estratégia e a aposta na diversificação de sectores. Não podemos assentar num único sector, como tem acontecido com o turismo. Queremos que o ministro da Economia seja o arquiteto da recuperação e as empresas farão, como têm feito, o seu trabalho.”" [Moi ici: O quê? O ministro da Economia? Arquitecto da recuperação? E o trabalho das empresas é seguir as orientações desse suposto iluminado? Acham isto normal? O que é isto? É isto a liderança da CIP? Portanto, o que as empresas precisam é de pactos... Eu tenho uma visão muito mais cínica da coisa. As empresas têm de se amanhar elas próprias. Os governos são como os Hunos, uma incomodidade que se traduz no pagamento forçado de um tributo. Até podemos pedir aos Hunos que baixem o tributo porque o ano foi mau, mas não esperem que sejam eles a arquitectar a recuperação de coisa nenhum. O negócio deles é extrair, não é criar.]

Eu se fosse jornalista, depois de ler a carta, perguntaria a António Saraiva que vestisse o papel de arquitecto da recuperação e que listasse três medidas concretas que ajudassem o país a ser mais competitivo.

Aposto que não conseguiria fugir de generalidades. 

Não! Por favor, ponha o trem de aterragem, quero sentir o chiar dos pneus, quero sentir o cheiro da borracha dos pneus a tocar na pista do aeroporto. Três medidas concretas que supostamente ajudem o país a ser mais competitivo.

Lamento, a minha missiva para os empresários seria outra. Até podia começar com a canção dos adeptos do Liverpool:

"When you walk through a storm

Hold your head up high

And don't be afraid of the dark

At the end of the storm

There's a golden sky

And the sweet silver song of a lark"

Mas o refrão seria outro: "You'll walk alone!" 

Não confiem em apoios pedo-mafiosos do governo de turno. Não confiem em estratégias elaboradas por quem não vos conhece, nem conhece os vossos clientes, não externalizem a tomada de decisões sobre o futuro da vossa empresa. 

O quanto António Saraiva podia aprender com as toutinegras de MacArthur ou as paramécias de Gause.

sexta-feira, junho 24, 2022

Depois do hype: O mastim dos Baskerville!

Agora que passou o hype e que as carpideiras já se recolheram, acrescento o meu comentário sobre o relatório do estado da nação publicado pela Fundação José Neves.


 Começo por este trecho que encontrei em “Carlos Oliveira. "Temos empresas demasiado preocupadas com o Estado, com os apoios, com os incentivos"” (BTW, este título remete-me para uma série de postais publicados aqui no blog ao longo dos anos, como este: “O by-pass” ao estado e ao país):

O que faz o governo de turno quando as empresas (como a Sonae, ou a Aquinos) não podem suportar os salários mínimos? Lança um apoio. Recordar “No país do Chapeleiro Louco (parte II)” em 2022, ou “Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!” em 2009. Recordo “Aspirar por objectivos sem ter coragem para a disciplina que requerem”.


O trecho acima faz-me voltar ao postal da semana passada “Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?” e à figura:

Enquanto escrevo estas linhas, mão amiga envia-me pelo Twitter este artigo “Grandes marcas de calçado desportivo desviam encomendas da Ásia para Portugal”. Isto é mau? Claro que não, claro que é bom ponto.


No entanto, volto ao tema dos “flying geese”:

Em “The "flying geese" model, ou deixem as empresas morrer!!!” é possível ver o exemplo da história do sector do calçado na cidade de St. Louis nos Estados Unidos. 


Um país com níveis de produtividade superior não pode ser construído com base em sectores competitivos, mas com baixa produtividade.


Estão a ver a consequência imediata desta conclusão? Mata o que se segue:


Este tweet é representativo de parte das conclusões do referido relatório. Se os empresários e os trabalhadores tiverem mais qualificações as empresas alcançarão níveis de produtividade superior. Mais qualificações não permitem mais produtividade? Claro que sim, mas são aquilo a que chamo as melhorias de engenheiro. Recordo de 2009 “Actualizem o documento por favor”. 


A produtividade é um rácio entre entradas e saídas, ou um rácio entre os recursos utilizados e o valor gerado, como ilustro em “Acerca do Evangelho do Valor”:

 

Quando o relatório refere:


“e não há produtividade sem qualificações, pelo que é essencial apostar na formação ao longo da vida, na reconversão e aquisição de competências.

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Há ainda o problema das qualificações dos gestores, em que quase não se tem visto investimento, com o país a apresentar a maior percentagem de empregadores que não terminou O ensino secundário. "Em 2021, era o caso para 47,5% dos empregadores, praticamente o triplo da média europeia (16,4%).”


Podemos acreditar que a produtividade cresce com mais qualificações, mas esse crescimento é pouco para o que o país precisa, esse crescimento é baseado sobretudo na melhoria da eficiência, na redução das entradas. As melhorias de produtividade que o país precisa são aquelas que são baseadas em brutais aumentos do valor criado. Mais valor criado traduz-se em preços mais elevados. As melhorias de produtividade que o país precisa são baseadas no gráfico de Marn e Rosiello como explico em “Para aumentar salários ... (parte IV)”:

 

E isto leva-nos à lição dos finlandeses que aprendi em 2007:


"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."


E isto leva-nos a um pedido que faço aqui no blogue há muitos anos: DEIXEM AS EMPRESAS MORRER!!!


Mais formação para os trabalhadores actuais ou futuros não resolve o problema porque o problema não está na oferta do mercado de trabalho, o problema está na falta de procura para trabalhadores mais qualificados. Mais formação dos trabalhadores num país sem procura por ela promove a emigração. Recordar o postal “Lerolero”: 


“In my experience, well-educated Haitians are very easy to find as taxi drivers in the French-speaking part of Canada. An estimated 82 per cent of Jamaican medical doctors practise abroad. Seventy per cent of all inhabitants of Guyana with a university education work outside the country. North American hospitals vacuum up poor English-speaking countries like Trinidad for nurses, while in many places in the Caribbean Cuban nurses are the ones that keep the health sector functioning.”


Mais formação para os trabalhadores actuais é um tema que sigo no blogue desde a primeira década deste século com as promessas de amor de Sócrates. Recordar o tema da caridadezinha em “Caridadezinha strikes again”:


"The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid."

Neste podcast, “Formação e salários: não podemos nivelar por baixo”, João Ferreira do Amaral pede estudos, sector a sector, para comparar as empresas mais produtivas de outros países com as empresas portuguesas, para retirar ensinamentos. E regresso a 2011 e a uma tarde de Verão em Guimarães a fazer horas para entrar numa empresa, e ao que aprendi com mais uns nórdicos em “Acerca da produtividade, mais uma vez (parte I)”. Comparar sector a sector é, inconscientemente, assumir que as saídas de cada empresa são semelhantes e que as diferenças estão na forma de gerir as entradas para produzir as saídas. O que os nórdicos me chamaram a atenção é que não faz sentido comparar a produtividade de quem faz sapatos que saem de uma mini-fábrica-ateliê a 600 euros o par com quem faz 2000 pares de sapatos por dia a 25 euros o par. Recordo de 2010, “As anedotas”. 


Percebo que a Fundação José Neves e outras entidades se foquem na formação porque é algo que se pode planear e porque é algo que agrada a uma vasta fauna de partes interessadas instaladas no terreno e habituadas a viver da formação.


Então quem vai dar formação aos empresários? Daniel Bessa? Alguém de entre estes outros 24 cromos?


Deixem os empresários que estão a trabalhar em paz. Saúdem o seu esforço. Concentrem-se no que chamo o mastim dos Baskerville. Concentrem-se nas empresas e nos empresários que não existem. As melhorias de produtividade que o país precisa dependem das empresas e dos empresários que não existem. Recordo “Empresários e escolaridade ou signaling”. 


Por fim, volto ao exemplo irlandês. Acredita que o brutal salto de produtividade na Irlanda foi conseguido à custa dos empresários irlandeses? Se acredita que sim, pense outra vez. Recordo, “Tamanho, produtividade e a receita irlandesa”. 


Lembre-se do mastim dos Baskerville.

 

terça-feira, outubro 15, 2019

Produtividade e socialismo (Parte III)

Parte I e parte II.

Começo a escrever estas linhas ao entrar no Túnel do Marão, numa viagem que me vai levar a Bragança.

Primeiro li este artigo "Metade das empresas mais pequenas têm um gestor com o 9º ano ou menos" e fiz duas coisas:
  • Publiquei isto no Twitter

  • Deixei este comentário na parte II 
"Deixem as empresas morrer
Bons eram os Bavas e Salgados"
Depois, comecei a ler o Jornal de Negócios de ontem (obrigado @walternatez) onde encontrei, "Empresas Zombie empregam mais de 20% em vários setores". O que mais me surpreendeu foi ver a "doença tuga" plasmada tão abertamente:
"Concluiram que, em 2015, 6% do universo estudado eram empresas-zombies (em 2013 eram 8,5%).  O número actual parece baixo, mas a melbor forma de percebrer se estas empresas estão a prejudicar a economia não é pelo seu número. Há que avaliar o seu impacto no emprego e no capital.
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E aqui a conclusão é prcocupante: "Em Portugal as empresas-zombie são responsáveis por uma parte significativa do emprego: em alguns sectores, mais de um em cada cinco trabalhadores estão empregados numa empresa-zombie; em particular em algumas regiões, esse número aumenta para um em cada três", lê-se no artigo.
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O estudo mostra ainda que em certos sectores estas empresas chegam a deter 25% do capital tangível, isto é, do que pode ser medido, como edifícios, máquinas, equipamentos ou outros.
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Daí que seja preciso cuidado na forma como se gere economicamente o problema das empresas-zombies. "Potenciar a saída dessas empresas menos produtivas é certamente relevante para o funcionamento eficiente da economia, mas é neessário considerar todas as suas implicações," frisam os autores do estudo."
O último sublinhado faz-me lembrar o quão diferente analizo a situação política portuguesa versua a espanhola. Aprendi com Nassim Taleb não neste artigo, mas em escritos mais antigos, isto:
"Why has seemingly stable Syria turned out to be the fragile regime, whereas always-in-turmoil Lebanon has so far proved robust? The answer is that prior to its civil war, Syria was exhibiting only pseudo-stability, its calm façade concealing deep structural vulnerabilities. Lebanon’s chaos, paradoxically, signaled strength."[Moi ici: O título do artigo diz tudo: "The Calm Before the Storm - Why Volatility Signals Stability, and Vice Versa"]
Esta é a "doença tuga", tão preocupados e concentrados na estabilidade como valor supremo e não conseguem ver que esta vai acumulando desequilibrios. Qunto mais tempo dura, maiores os desequilíbrios, mais dolorosa vai ser a sua correcção.

Quando se estuda a evolução da esperança de vida...
  • Em Portugal em 1960 a esperança média de vida rondava os 62, 8 anos;
  • Em Portugal em 2016 a esperança média de vida rondava os 81,1 anos.
Como é que se deu um ganho tão grande?
Por causa da baixa drástica da mortalidade infantil.

Ou seja, a produtividade crescerá uns cagagésimos com o esforço de melhoria nas empresas que já têm níveis de produtividade superiores e, poderá crescer muito mais com o desaparecimento das empresas-zombies.

Quando comparamos a produtividade média portuguesa com a de outros países esquecemos-nos destas empresas-zombies. Por isso, cometo o sacrilégio de apontar o dedo aos que não têm constância de propósito:


Assim, podemos acabar com esta simulação, por parte dos políticos, de preocupação com a baixa produtividade das empresas portuguesas. Aumentar a produtividade implicaria ousar deixar a economia funcionar e premiar os mais capazes.

Ter um gestor com o 9º ano não é cartão de menoridade. Afinal os primeiro-ministros e ministros das finanças que por três vezes levaram o país à falência tinham muito mais do que o 9º ano de escolaridade; afinal os banqueiros que "emprestaram" dinheiro com critérios-criativos tinham muito mais do que o 9º ano de escolaridade, afinal o ministro da economia sabia como tratar da produtividade, afinal os cursos de gestão em Harvard e na Suíça ensinam a aumentar a produtividade.

Tenho muito respeito pelos gestores, pelos proprietários das empresas, mesmo das empresas-zombies, gente com skin-in-the-game e que faz o melhor que pode, o melhor que sabe, o melhor que os deixam. Não tenho respeito nenhum pelos que os criticam sem skin-in-the-game, protegidos por um emprego no estado.

Tenho muito respeito pela propriedade privada.

Por isso, opto pela resposta de Popper à pergunta de Platão sobre: Quem deve governar a cidade?

A pergunta certa não é quem deve gerir as empresas. A pergunta certa é: como se facilita a morte das empresas-zombies?


BTW, a comunicação social está pejada de empresas-zombies, desde o Diário de Notícias, passando pela TSF e jornal i.

segunda-feira, julho 27, 2009

Um exemplo acabado de normando!

Ao início da tarde de hoje, mão amiga retirou um recorte de jornal do quadro de cortiça e emprestou-mo para leitura:
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"O Estado não existe" de António Pinto Leite, publicado a 6 de Novembro de 2005 no semanário Expresso:

"É justo o elogio ao Governo pelas reformas que se propõe fazer no quadro da Administração Pública. A haver crítica seria por defeito, isto é, por tais reformas poderem vir a não ser suficientes para tirar Portugal da rota de empobrecimento em que se encontra.

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O Governo apresentou as reformas sobretudo numa perspectiva de redução de benefícios de corporações privilegiadas e não tanto numa perspectiva de esgotamento da capacidade do país para financiar estes sistemas nos mesmos termos em que o tem vindo a fazer. Devia ter ido ao fundo da questão.

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Mais: para lá do esgotamento dos recursos do país, está em causa uma questão de justiça social. É isto que é preciso comunicar, é isto que o bom senso e o bom coração português necessariamente entendem.

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O principal enquadramento das reformas em curso não está na relação entre o Estado e os funcionários públicos, está na relação entre os portugueses que pagam impostos e os funcionários públicos. Certo que os funcionários públicos também pagam impostos, mas os números evidenciam que isso não faz a diferença.

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Neste quadro, o Estado não existe. Existem portugueses que pagam a outros portugueses.

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Os salários e regalias dos funcionários do Estado não são pagos pelo Estado, são pagos pelos portugueses que pagam impostos. O Estado é um mero intermediário.

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A segurança no emprego que os funcionários públicos têm não é conseguida à custa do Estado, sai do bolso dos portugueses. Porque são os portugueses que pagam os salários de funcionários que não são precisos, porque são os portugueses que pagam sistemas ineficientes que, em qualquer situação privada, seriam extintos ou reformados de alto a baixo.

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Algumas regalias, em particular no domínio da Segurança Social, são também suportados pêlos portugueses que pagam impostos, uma vez que tais regimes, para subsistirem, têm de recorrer ao Orçamento do Estado e esse é pago pelos portugueses.

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Que sentido de justiça existe quando se pedem mais impostos, como sucedeu com o aumento do IVA, a um pobre trabalhador do campo ou de uma fábrica para preservar regalias de outros que ganham muito mais do que ele?

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Que sentido de justiça pode haver quando os nossos empresários não conseguem aguentar as suas em presas e milhares de portugueses es tão a ir para o desemprego, enquanto, do lado Estado, apenas se discutem regalias, direitos adquiridos e segurança do emprego?

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Que justiça existe quando a economia precisa desesperadamente de recursos, precisa desesperadamente que os impostos baixem e os funcionários públicos desencadeiam lutas sindicais e sociais como se este desespero lhes fosse total mente indiferente?

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Que justiça pode haver se se considerarem irreversíveis os direitos dos funcionários públicos, quando os portugueses que lhes pagam esses direitos, em boa parte para lhos poderem pagar, todos os dias perdem os direitos que eles próprios tinham?

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Que ideia de justiça é esta que despreza a agonia da economia e da sociedade ci vil e protege um Estado que fica com 50% da riqueza que essas mesmas economia e sociedade civil produzem?

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Que noção de justiça é esta que exige que cada português dinâmico entregue cerca de 65% do que ganha ao Estado (IRS, IVA, Segurança So cial e outros...), para receber em troca o Estado mais burocrático e ineficiente da Europa?

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As greves contra o Estado são greves contra os portugueses que pagam impostos.

No meio disto, o Estado é uma ficção. O Estado não existe, existem apenas portugueses.”

Conseguiu ler o texto até ao fim? Aprecie, então, esta notícia, esta preocupação no sítio do Público de hoje:
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Eleições legislativas em Setembro afectam aumentos salariais na Função Pública

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O país à beira do precipício, enterrado num défice que rondará os mais de 6% do PIB.

As empresas privadas a tentarem sobreviver neste mundo pós colapso de Agosto de 2007 e Setembro de 2008.

O desemprego a galopar e a crescer como nunca vimos.

Pois, o director-geral do Orçamento, em entrevista à agência Lusa, apesar de ter um orçamento em curso com uma queda de mais de 20% nas receitas, não tem mais nada com que se preocupar do que o atraso nos aumentos salariais da função pública.

Acham isto normal???

Um dia, neste país, no futuro, um pastor dum normando que profira afirmações deste calibre durante um clima de crise como o que vivemos, não chegará ao final do dia sem alguém o ter encaminhado para a porta dos fundos demitido.