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sábado, julho 21, 2012

Subverter na vida real

E volto ao esquema que desenhei numa empresa na segunda-feira passada:
A falta de capital e a dificuldade de acesso a crédito nos importadores europeus está a desviar produções da Ásia para a Europa.
A diminuição do rendimento disponível dos consumidores está a reduzir o consumo, o que torna mais arriscado a compra de grandes quantidades, o que promove a produção de pequenas séries, o que favorece uma postura de em vez de tentar acertar o que é que o consumidor gosta e apostar todas as fichas nessa crença, produzir rapidamente o que o cliente realmente escolhe e compra.
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O raciocínio foi feito para quem quer exportar para a Europa.
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O raciocínio também pode ser utilizado para quem quiser aproveitar e vender para o mercado nacional... a bitola de preços será mais baixa, as quantidades serão ainda mais pequenas, mas podem tentar criar um nicho... um dos factores que mais vezes apareceu nas minhas conversas desta semana foi "custos de estrutura". Em n conversas, os meus interlocutores referiram a dificuldade de tantos agentes económicos no país que se debatem com estruturas desenhadas para outro mundo, e que agora são demasiado pesadas. Empresas mais leves, mais rápidas, mais ágeis, mais flexíveis, podem tentar criar um nicho com lojistas do mercado interno que já não têm condições económicas para trabalhar com marcas internacionais, basta apreciar a mensagem deste artigo "Lojas só encomendaram metade do que é habitual para a nova coleção":
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"As encomendas dos retalhistas para a estação outono/inverno já foram feitas e, de acordo com Maria do Céu Primm, da Associação Comercial de Moda de Lisboa, tiveram uma queda "na ordem dos 30 a 40%"
 Hoje em dia temos o just-in-time, temos as redes sociais a criarem modas a qualquer momento, temos ecrãs ligados ao mundo real e virtual nos nossos bolsos e pastas, temos sistemas informáticos que permitem um planeamento superior, temos uma infinidade de opções logísticas à disposição, temos máquinas muito mais rápidas e flexíveis, temos... no entanto, continuamos a escolher e encomendar as colecções que vão ser expostas na loja, 7/8 meses antes de os consumidores as verem, como no tempo em que as encomendas eram feitas por carta... (OMG, eu ainda aprendi a trabalhar com o telex no meu primeiro emprego... ainda nem havia fax)...
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Subverter um modelo de negócio passa por abandonar certos pressupostos tidos como sagrados... pois!
"Refere também "que muitos estão a fazer promoções para escoar stocks e comprar novos produtos", mas sublinha: "Muitos fornecedores estrangeiros estão a impor regras impossíveis de aceitar, como: não baixar os preços sem ser nos saldos, ou mesmo a estabelecer objetivos de vendas, que numa altura como esta são impossíveis de atingir".

Daí estimar "que muitos produtos que importávamos vamos deixar de o fazer; a redução do poder de compra dos empresários impede-os de investir"."
E esta... ao ler o último parágrafo pela terceira ou quarta vez, emergiu na minha mente esta ironia... e se for a quebra do poder compra dos empresários a obrigá-los a salvarem-se, ao terem de, contrariados, sujeitar-se a um novo modelo de negócio.
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BTW, como as nossas exportações de têxtil e vestuário apesar de tudo ainda estão a crescer, ainda que pouco, estes números:
"Do lado da indústria, a situação também não está fácil. Até ontem e desde o início do ano registaram-se 51 insolvências nas empresas de fabricação de têxteis (26 para o mesmo período de 2011), e na indústria do vestuário o numero de insolvências atingiu já as 153 (124 em 2011)"
Referem-se, especulo eu, a empresas que viviam demasiado dependentes do mercado interno... o mercado interno mudou. É como um habitat em que o clima se alterou, em que a pluviosidade mudou, muitas espécies  são incapazes de evoluírem a tempo e extinguem-se... outras adaptam-se a tempo e aproveitam o espaço tornado livre.... O mercado interno pode ser lucrativo se se descobrirem modelos de negócio adaptados à nova realidade.

quarta-feira, outubro 31, 2012

Há ainda um enorme esforço de missionação por fazer

Outro artigo a merecer reflexão "Empresas portuguesas apostam cada vez mais no Brasil e em nichos de mercado".
"a esmagadora maioria das empresas portuguesas passou a pôr a sua prioridade estratégica na rentabilidade, em vez de no crescimento em dimensão"
 Na primeira entrevista televisiva que vi, após a mega-promoção do 1º de Maio do Pingo Doce, Soares dos Santos pôs toda a ênfase no crescimento, quase que dizia que o crescimento era mais importante que a rentabilidade.
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No tempo em que o dinheiro era fácil e barato a rentabilidade dos projectos podia ser mais baixa. Hoje, como o dinheiro é muito mais caro, as exigências de rentabilidade são bem maiores. Por outro lado, as empresas grandes estão quase sempre associadas a estratégias assentes em volume... será que uma PME pode apostar em competir no mercado com base em grandes volumes de produção?
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Independentemente do preço do dinheiro, o meu conselho para as PMEs é:

"Profit is Sanity,
Volume is Vanity"

Recordar :

"Questionados sobre o ponto em que centram a sua acção estratégica no mercado nacional, as áreas mais destacadas foram a optimização de processos produtivos ou de suporte (78%) (Moi ici: Como dizia o velho Engº Matsumoto, "É preciso tirar a cabeça de dentro do polimerizador!". Assumem que o que produzem continua adequado ao novo mercado e que basta ser mais eficiente. Um dia vão perceber que produzir é o mais fácil e que talvez faça mais sentido inovar no modelo de negócio), a melhoria do financiamento (69%) (Moi ici: Recordar "Survivors" e o dinheiro do sogro)e a melhoria da produtividade da força de trabalho (68%)." (Moi ici: É desesperante... num mercado com excesso de oferta, continuam concentrados em aumentar a produtividade à custa de "pôr as pessoas a correr mais depressa"... como se uma PME fosse uma linha de montagem a vomitar milhões de automóveis... quando é que vai ganhar massa crítica a ideia de aumentar a produtividade à custa do aumento do valor percepcionado do que se produz pelos clientes?)
"O Brasil e os países de língua oficial portuguesa são os principais alvos dos negócios internacionais dos inquiridos" (Moi ici: Para a maioria das empresas só há uma forma de exportar para o Brasil, fugindo às taxas alfandegárias! E como se foge às taxas alfandegárias? Trabalhando para nichos! Aparecendo com algo no mercado brasileiro que não tenha contratipo, algo que seja único.)
"Quanto ao posicionamento estratégico com que as empresas abordam os diversos mercados, a diferenciação por qualidade, serviço ou integração em nichos de mercado é a estratégia mais frequente em mercados estrangeiros, (Moi ici: O bom caminho) enquanto a estratégia de ser líder em custo continua a ser significativa nos mercados da Europa ocidental." (Moi ici: Uma tristeza que não é uma novidade, recordar isto e isto, é o caminho mais fácil, é o caminho menos percorrido... o dinheiro que fica em cima da mesa...)
"Quanto à escala, entre 60% e 65% das pequenas empresas consideram ter défice de dimensão para competir eficazmente a nível de operações, desenvolvimento e inovação e marketing" (Moi ici: Esta é a mentalidade do século XX, a mentalidade pré-Internet, a mentalidade do volume, da centralização... quando vão perceber a beleza e o interesse de agora "we are all weird"?)
Ainda há uma grande distância entre o que pensa a maioria dos empresários e o que pensa o autor deste blogue. Sinal de que há ainda um enorme esforço de missionação por fazer.



sábado, janeiro 23, 2010

Lanchester em todo o seu esplendor! Ou, somos todos alemães (parte IV)


Típico de macro-economista que só admite que a procura é sempre racional. E que só vê o futuro como uma consequência lógica do passado!!!.
O Diário Económico de ontem publicou um artigo de Daniel Amaral "Chover no molhado" onde se pode ler:
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"Já o aumento da procura externa só conhece um caminho: a baixa de preços." e mais à frente "Quer dizer, por mais voltas que dermos à imaginação, e por mais ‘inputs' que introduzirmos no modelo, o resultado não se altera: a saída da crise passa pela eficiência empresarial e pelos custos unitários de produção."

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Releio o artigo de Daniel Amaral e fico com esta imagem na mente:Agrilhoada, aprisionada, eis o estado da mente de Daniel Amaral. Eis o estado da mente de alguém que aprendeu economia nos bancos da universidade no tempo em que a oferta era menor que a procura e em que os custos e a eficiência eram reis e senhores.
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O que Daniel Amaral não aprendeu nos bancos da universidade, nem podia, porque é algo que só surgiu em resposta a uma nova realidade, o mundo em que a oferta é muito superior à procura, é que a eficiência e os custos não são tudo.
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Não são tudo!!!???
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Não são tudo!!!???
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Como assim!?!?!?
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Se o que uma empresa produz não se distingue do que as outras empresas produzem, o negócio é preço e, nesse mundo Daniel Amaral continua com razão. Agora, se o que uma empresa produz é diferente e atrai os clientes, pelo serviço, pela novidade, pela diferença, então, o preço não é o factor crítico.
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O que quem, como Daniel Amaral, ainda não percebeu é que com a entrada na zona euro temos de deixar de ser empresas portuguesas com estratégias à antiga portuguesa e, passar a ser empresas alemãs com estratégias alemãs. Agora somos um país de moeda forte e a única forma de triunfar com uma moeda forte é fugir, como o diabo da cruz, dos negócios do preço.
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Daniel Amaral podia estudar as estatísticas do sector do calçado português, ou do mobiliário português, ou do têxtil técnico português, ou do vinho português de qualidade, ou da agricultura portuguesa virada para a exportação porque tira partido daquilo em que o nosso país pode ser bom e diferente com vantagem comparativa, ou da .... e verificar que toda esta gente não está no negócio dos preços e dos custos, já está a competir no numerador da equação da produtividade.
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O nosso problema é o peso do cuco e o peso do sector produtor de bens não transaccionáveis.
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Daniel Amaral podia estudar Larreche e perceber que cada vez mais temos de apostar na originação de valor, é aí que tudo se decide, é aí que não há limites.
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Sem essa mudança de mentalidade, vamos ter Daniel Amaral às segundas, terças e quartas a defender a redução dos custos para podermos exportar e, depois, vamos ter Daniel Amaral às quintas, sextas e sábados a defender o aumento dos salários para termos mais gente a viver decentemente. Resultado? Política de Penélope: faz para desfazer logo de seguida.
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O que é que é fundamental?
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O bem-estar dos cidadãos de hoje sem prejudicar os cidadãos de amanhã! Como se consegue? Com níveis de vida progressivamente superiores e sustentados no trabalho realizado e no valor criado! Como se consegue conciliar níveis de vida progressivamente superiores e sustentados com competitividade das exportações?
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Apostando em competir onde o preço não é o factor crítico!!!
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Contudo, enquanto Daniel Amaral, governo, políticos da situação e da oposição, associações patronais e sindicais, estiverem mais preocupados em defender as empresas de ontem com estratégias de ontem, mais atrasaremos o desvio de recursos de todos para a construção das empresas com futuro e com estratégias como futuro. Por que agora, agora somos todos alemães.
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Quando olho para as experiências que vou tendo e lendo não consigo deixar de ser um optimista. Se eu acreditasse que o nosso futuro passava pelos governos, de qualquer cor, ou pelas grandes empresas, ou pelos macro-economistas, ou pelos burocratas de Bruxelas eu seria um pessimista. Contudo eu acredito é na micro-economia, em pessoas e empresas anónimas que apostam e são capazes de criar valor onde os teóricos de Lisboa ou Bruxelas só vêem custos e capaciaddes e mais do mesmo.
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Mesmo que o canário grego morra e a nossa economia seja sugada pelo atractor grego e espanhol, no fim, teremos um cenário tipo Europa de Leste após a queda do muro de Berlim, ou Argentina depois da falência, um mundo novo para que a micro-economia recomece e menos prisioneira das limitações de quem protege o passado.