terça-feira, janeiro 17, 2017

Curiosidade do dia


O monstro anafado e sedento de mais e mais que é o Estado que nos pastoreia, todos os dias humilha, suga e arrota para cima dos saxões. Mais um exemplo da relação pedo-mafiosa de que a maioria sedada com o soma não toma consciência neste texto "O cidadão e o Estado (ou como nem Kafka se lembrava de coisa assim)".


Acerca da metalurgia portuguesa

O título "“Brexit” não tirou negócio à indústria metalúrgica portuguesa" é capaz de não estar bem escolhido porque a procissão, verdadeiramente, ainda não saiu do adro. Até porque se isto for verdade "May escolheu "hard Brexit" e vai anunciar saída do mercado único" a coisa vai piar fino para ambos os lados.

A parte mais interessante do artigo inicial sobre a indústria metalúrgica portuguesa é a que refere:
"As contas de 2016 ainda estão por fechar, mas depois de 2015 ter sido o melhor ano de sempre em termos de exportações (com o sector a ultrapassar os 14,5 mil milhões de euros, o que corresponde a 31% do valor total das exportações da indústria transformadora nacional), as perspectivas são animadoras.
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As exportações para o Reino Unido ultrapassaram os 1,17 milhões de euros em 2015, e os dados que já existem de 2016, e que se referem aos meses de Janeiro a Outubro, mostram que a taxa de crescimento está perto dos 20%. Já para a Alemanha estão a descer (apesar de se manter como o mercado mais relevante). As exportações para França e Espanha continuam com taxas de crescimento, mas mais modestas: respectivamente, 9% e 6,6%."
Taxas de crescimento muito boas para mercados competitivos e exigentes.

"you’re much more persistent when you’re confident in your abilities"

Mais um trecho de Pre-suasion:
"Alan told me that just prior to taking any standardized exam, he’d spend systematic time “getting psyched up” for it.
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He didn’t take up the minutes before the exam room doors opened as I always had: notes in hand, trying to cram every piece of information I was unsteady about into my brain. He knew, he said, that focusing on material that was still vexing him would only elevate his anxieties. Instead, he spent that crucial time consciously calming his fears and simultaneously building his confidence by reviewing his past academic successes and enumerating his genuine strengths. Much of his test-taking prowess, he was convinced, stemmed from the resultant combination of diminished fear and bolstered confidence: “You can’t think straight when you’re scared,” he reminded me, “plus, you’re much more  persistent when you’re confident in your abilities.”"
Como não relacionar este último sublinhado com "The Stretch Goal Paradox" ou com as empresas e empresários que se refugiam no papel de coitadinhos e aspiram a protecção da parte do Estado contra os maus que andam a seduzir os clientes a que elas têm direito. Quanto mais barulho menos autoconfiança nas suas capacidades.

Convite

Os meus amigos do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal desafiaram-me para participar neste evento:
Interessados podem inscrever-se aqui e aproveitar para no final conversarmos sobre a concorrência imperfeita.

China e Impressão 3D, os opostos de uma escala

"Over the past year, technology and sharing economy start-ups have continued their disruption of traditional industries
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Disrupter: 3D printers
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Industry threatened: Small component manufacturers and distributors
Reason why: Growing use of on-site 3D printing to make parts
Any concertgoer knows it is easier to print tickets than pick them up or hope they arrive in the post, writes Patrick McGee. Businesses will soon realise the same applies to spare parts, equipment and electronics.
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The explosion of 3D printers is expected to shake up entire supply chains, allowing companies to print much of what they need rather than order it, often from overseas.
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At the Munich show Electronica in November, Israeli start-up Nano Dimension showed how 3D printing would go well beyond making simple parts. The company’s desktop-sized Dragonfly printer can create multilayer printed circuit boards — the film-like boards found in smartphones and computers that allow signals and power to be transmitted.
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Amit Dror, chief executive, says the 3D printing of circuit boards would boost the research and development process for prototypes, allowing electronics companies to bring new products to market faster.
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“We think 3D printing will play a key role in changing the way the world designs and manufactures.”
Ontem no Twitter espantei-me com este tweet:
A pessoa citada neste tweet não tem noção de que China e Impressão 3D são opostos de uma escala?

A China especializou-se em ser capaz de produzir de forma económica 1 milhão de itens iguais entre si.

A Impressão 3D vai permitir produzir de forma económica 1 milhão de itens todos diferentes entre si.


Trechos retirados de "Five industries under threat from technology".

segunda-feira, janeiro 16, 2017

Curiosidade do dia

"em 2016 as taxas de juro da dívida pública foram as únicas da zona euro a subir? E que hoje pagamos quase o triplo do que pagávamos na primavera de 2015? E que esse aumento nas taxas de juro representa, face à dívida emitida no último ano, mais 200 M€/ano em juros? E que nos próximos 10 anos, esse encargo adicional de juros da dívida contraída no último ano, representa 1,8 mil M€?
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Desde o final de 2015 que as taxas de juro portuguesas têm tido um motivo divergente das restantes dívidas públicas na zona euro. Embora os valores estejam historicamente baixos, isso resulta de dois efeitos. Primeiro, uma política monetária agressiva por parte do BCE, que tem mantido as taxas de juro cerca de dois pontos percentuais, abaixo do seu valor de mercado. Segundo, esta política do BCE resulta naturalmente de um contexto de inflação próxima de zero.
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Portugal é o único país da zona euro em que as taxas subiram em 2016.
Desta forma, enquanto no verão de 2015 tínhamos uma taxa a 10 anos que rondava os 1,5%, desde 2016 que a taxa tem estado acima dos 3% (mais do dobro, portanto). E agora acima dos 4% representa quase o triplo."
Trechos retirados de "Quanto nos custa a Geringonça?"

Confirmation bias

"Indeed, people can’t help but impose the letter B or the number 13 on the messiness of life. “Where does confirmation bias come from? Confirmation bias comes from when you have an interpretation, and you adopt it, and then, top down, you force everything to fit that interpretation,” Kahneman says. “That’s a process that we know occurs in perception that resolves ambiguity, and it’s highly plausible that a similar process occurs in thinking.” Which is precisely why you — or a president — shouldn’t trust everything you think. Unfortunately, the more powerful you are, the more you believe your own thoughts."
Trecho retirado de "Kahneman: Your Cognitive Biases Act Like Optical Illusions"

Tantos "Mea Culpa" por fazer...

E esta frontalidade? "Amazon didn’t kill Macy’s. Macy’s did.":
"Macy’s has said that it has too many stores, in too many underperforming locations. It’s closing 100, and no one should be surprised if that number grows in future years.
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Macy’s has also blamed what it calls “changing customer behavior.” That’s code for the rise of Amazon.com and the adoption of e-commerce shopping in general. It’s also the idea that a new generation is spending more money on experiences over physical goods.
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But while Amazon has certainly had a hand in Macy’s struggles — and we’ll get back to this in a bit — Macy’s should look within, first, for the cause of its current predicament.
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Prior to the rise of e-commerce, Macy’s could get away with some of this. But you can now buy the same stuff in lots of places — whether from Amazon or a brand’s own website. Comparing prices has gotten infinitely easier, too.
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[Moi ici: Recordar as fiambreiras e Bruce Jenner] In stores, it’s trying to go upmarket and downmarket at the same time. [Moi ici: Pois ... stuck-in-the-middle]
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It announced a new store concept in 2015 called Macy’s Backstage, an off-price outlet meant to compete with popular discount retailers like T.J. Maxx, Nordstrom Rack and Marshalls.
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At the same time, Macy’s said in 2015 that it was going to add upscale merchandise to its top 150 stores. Being in the middle is tough.
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The middle is definitely tougher with Amazon aiming directly for your business — what with a huge, and growing, selection of clothes and accessories and plans to build a bunch of its own brands in-house. By some estimates, Amazon will pass Macy’s in clothing sales this year.
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The bottom line, however, is that Macy’s stores, by and large, have looked and felt the same forever. And in digital, Macy’s has long been on the defensive."
É como o erro humano, a culpa é dos clientes,  algo que nos absolve de nos responsabilizarmos nós mesmos pelo que nos acontece.

Visão alternativa (parte II)

Nem propósito, mais um texto sobre Mongo, sobre a democratização da produção e sobre a tal visão alternativa:
"Digitization makes it easier for smaller firms and startups to participate in the global economy. By joining e-commerce marketplaces, individuals and small companies can reach a critical mass of global customers. Sellers on eBay, for example, can sign up to be featured on eBay sites in other countries, join a global shipping program, and clear transactions with PayPal. Today there are some 50 million small and medium-size enterprises worldwide on Facebook, a number that has doubled from two years ago.
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That leaves the question of how to help those hurt by trade and globalization. Too often we talk about retraining as a panacea; we need to do much more. We need to reinvest in dislocated communities, lower the costs and barriers to trade, match smaller firms with foreign markets, match communities with foreign investors, ensure unfettered access to cross-border digital platforms, provide greater safety net measures"
Trechos retirados de "We Can’t Undo Globalization, but We Can Improve It"

Uma visão alternativa

Este texto, "Growth hinges on technology but the fruits must be shared", refere de certo modo uma realidade que já referi aqui no blogue há alguns anos.

Olhemos para a equação da produtividade:
E recordando o recente postal "Uma das minhas missões". Quando no passado a melhoria da produtividade era conseguida sobretudo à custa do denominador, era conseguida em parte importante com a contribuição dos trabalhadores da linha de produção. Assim, era natural que essa contribuição fosse recompensada.

Hoje em dia, quando a produtividade aumenta sobretudo à custa do numerador, por via da criatividade de trabalhadores de colarinho branco, a distribuição dos ganhos da produtividade esquece os trabalhadores da linha de produção que pouco contribuíram para isso. A costureira do Vale do Ave tanto costura panos de cozinha como air-bags.

No limite, com a automatização, as empresas deixam de necessitar de trabalhadores da linha de produção. E é aqui que o resto do artigo se perde...

Perde-se porque faz um raciocínio linear, perde-se porque não prevê a hipótese Mongo. Ainda ontem repetia duas frases que li nos últimos dias:

  • "we’re all laptop corporations if we want to be ... Everything a company can do, a person can do now too. Having a large corporate infrastructure is no longer an advantage"
  • "If you make, you retail (big and small)"
A automatização não dará conta das necessidades de customização em Mongo. Em Mongo voltarão em força os artesãos do passado. A democratização da produção permitirá aos fazedores do futuro serem empresários individuais, verdadeiros artesãos, que viverão do seu empreendedorismo.

O emprego como criação da Revolução Industrial terá tendência a baixar drasticamente. 

No limite, com a automatização, as empresas deixam de necessitar de trabalhadores da linha de produção. E os trabalhadores deixam de necessitar de serem empregados para terem um ganha-pão.

domingo, janeiro 15, 2017

"pela primeira vez um sinal de locus de controlo no interior"

Quando o mundo muda e destrói os alicerces da realidade em que vivemos há duas respostas possíveis:

  • a dos Pigarros, e como nós somos um país de Pigarros, temos direito ao queijo e é preciso que alguém nos arranje o queijo, dê por onde der, queremos o queijo! Tragam-nos o queijo a que temos direito. Mudar? Que horror! Isso não é connosco.
  • a dos que têm o locus de controlo no interior, percebem que o mundo mudou, percebem que com o modelo anterior é insustentável, percebem que estão perdidos e percebem que têm de meter pés ao caminho para construir uma nova abordagem sustentável com o novo modelo do mundo
Por mais do que uma vez já desabafei com a minha irmã que vive há quase 10 anos em Inglaterra a surpresa que foi para mim a leviandade com que os ingleses escolheram o Brexit sem plano. Pois encontro agora, pela primeira vez um sinal de locus de controlo no interior, "Reino Unido admite novo modelo económico para competir com a União Europeia".

Será suficiente? Talvez não... talvez seja apenas um mapa dos Pirinéus para quem está perdido nos Alpes. Ou seja, o ponto de partida para uma viagem de descoberta e co-construção:
"The moral of the story is that when you are lost, any old map will do. The story demonstrates very clearly that it is what people do when they are uncertain that is important, rather than what they plan. By analogy, strategic plans function a lot like maps in which the crucial factor is not the map (or strategy) but the fact that you have something which will get you started on a path to the future. Once people begin to act (enactment), they generate tangible outcomes (cues) in some context (social) and that helps them discover (retrospect) what is occurring (ongoing), what needs to be explained (plausibility) and what should be done next (identity enhancement)." (fonte)
Ou:
"Strategic plans are a lot like maps. They animate people and they orient people. Once people begin to act, they generate tangible outcomes in some context, and this helps them discover what is occurring, what needs to be explained, and what should be done next. Managers keep forgetting that it is what they do, not what they plan that explains their success. They keep giving credit to the wrong thing – namely, the plan – and having made this error, they then spend more time planning and less time acting. They are astonished when more planning improves nothing.” (fonte)


Reshoring!

Uma andorinha não faz a Primavera mas muitas andorinhas todas somadas podem ser um sintoma de que algo mudou realmente.

Cá vai mais uma outra andorinha "Le mythique vélo Solex de nouveau fabriqué en France".

Ninguém me consegue desviar da tese de que a indústria está a voltar em força à Europa sem necessidade de treta proteccionista.

Imaginem o impacte que isto pode ter para um país como Portugal... apesar dos governos que temos e venhamos a ter.

"they’ll create more and better jobs by not focusing on creating jobs"

Posso ser um anónimo da província.

Posso nem ter formação académica em Economia.


Quanto mais passam os anos e mais aprendo a pensar por mim do que a seguir sebentas e a opinião da tríade, (gente em torres de marfim qual Sarumans que há muito perderam a ligação à economia real, se é que alguma vez a tiveram), vou formulando hipóteses de interpretação da realidade cada vez mais afastadas do mainstream preguiçoso.

Por exemplo, quantos políticos elegem o emprego como o objectivo do seu mandato? "António Costa: “Emprego, emprego, emprego” é o objetivo"

O que digo acerca do emprego ou do lucro como objectivo? Está errado. O emprego é um resultado, é uma consequência não um objectivo directo. Quando elegemos o emprego ou o lucro como o objectivo directo, imediato, temos as auto-estradas paralelas que se constroem para criar emprego provisório (assar sardinhas com a chama de fósforos) ou as Enrons.

Daí:

Agora encontro "Power Sheet":
"Business leaders and their p.r. advisers are holding a festival of spin on the subject of jobs,
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There’s no harm in any of this, except in one way: Repetition of the theme could lead to a widely accepted view that the economy’s purpose is to create jobs. It isn’t. That sounds heartless, but jobs are a byproduct of economic growth, not the end product, and remembering that reality is, ironically, crucial to more people having better jobs.
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Let’s hope that, in proclaiming their growing U.S. employment, they can avoid suggesting it’s the reason for their existence. The paradoxical reality is that they’ll create more and better jobs by not focusing on creating jobs."
Como não recordar Viktor Frankl: as pessoas mais felizes são as que não elegem a felicidade como um objectivo. A felicidade decorre naturalmente como consequência de um outro propósito.

"suppliers can return the favour, it’s about time they did"

A propósito de "Muito para além do ‘glamour’, marcas geram riqueza real". Ao longo dos anos, aqui no blogue, tenho sido muito crítico da Centromarca.

A Centromarca apesar de constituída por marcas, algumas poderosas a nível mundial, apesar do acesso a consultores e marketeers, tem optado por uma estratégia de confronto com a distribuição grande muito semelhante à dos produtores leiteiros. O que, para quem pensa estratégia, para quem pensa primeiro no consumidor e na sua liberdade e qualidade de vida, é uma estratégia que provoca urticária.

Entretanto em "The Great Fragmentation : why the future of business is small" de Steve Sammartino encontro uma mensagem para cada uma das marcas:
"If you make, you retail (big and small)[Moi ici: Mensagem dedicada a empresários que pensam à frente, Por exemplo a troika: P, P, e A] In the past, artisans used to sell what they made directly. The world of retail gave manufacturers, makers and artisans access to a new set of customers who could be from anywhere. The virtues of retail gave suppliers access to wider markets, more sales and bigger financial opportunities. It made sense to hand over part of the profit for access to new customers. Retail reduced the friction of selling by widening the customer base. For large tracts of the industrial era, retail was a specific industry that suppliers couldn’t and didn’t do. Now they can. We’re quickly moving to a ‘we all retail now’ environment and customers want and expect to be able to go direct to brands.
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Retailing is no longer about those guys over there who sell stuff; it is, and should be, about anyone who makes anything, not only because it’s now possible, but because it can provide improved margin and the direct connections the market rewards. It’s incumbent on those who once supplied to others for selling to know they can do the selling themselves. In an economy where anyone can make anything, having access to the people you sell to becomes a survival necessity. The power is with the distributor. We’ve already seen consumer goods retailers making their own ‘home brand’ goods to compete with their suppliers. Every supermarket in the world has a line of private labels, as do electronics retailers, and even cable television providers are funding programs to fill their channels. Now that suppliers can return the favour, it’s about time they did."

sábado, janeiro 14, 2017

Preparada? (parte III)

"Give President-elect Trump credit for consistency. In his selections of Wilbur Ross as commerce secretary, Peter Navarro as chairman of the National Trade Council, and Robert Lighthizer as U.S. trade representative, Trump has empowered a protectionist triumvirate to deliver on his provocative campaign promises.
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Among the various ahistorical ideas under consideration is an across-the-board tariff of 10 percent on all imports. Exactly what the intended purpose of such a tax would be remains unclear — To achieve trade balance by reducing imports? To dissuade U.S. companies from outsourcing? To encourage foreign companies to invest in the United States? To show the world who’s boss?"
Como é que a sua empresa está preparada para um mundo mais proteccionista?

Trecho retirado de "Trump’s Import Taxes Could Devastate US Economy"

Preparada? (parte II)

Leia este artigo "Pode o Brexit ser “duro e caótico”? Sim, prevê cronista do Financial Times".
"Martin Wolf alerta empresas de que deverão estar preparadas para abandonar o mercado único europeu. E explica porquê."
O artigo é escrito por um inglês e perspectiva o futuro do ponto de vista das empresas inglesas.

Vejamos o mesmo tema do ponto de vista das empresas portuguesas. Segundo os números disponíveis, relativamente às exportações de bens, as exportações portuguesas para o Reino Unido representaram cerca de 7% do total. As exportações para o Reino Unido cresceram 5,6% em 2016. O Reino Unido  constitui o 4º principal mercado para as exportações portuguesas.

A sua empresa exporta para o Reino Unido?

Como é que a sua empresa se está a preparar para um Brexit duro? Como vai lidar com a mudança do mundo em que opera?

Será que tem de procurar mercados alternativos?

Será que tem de adequar os produtos ou o modelo de negócio a esta nova realidade?

Preparada?

"tal como aconteceu na Índia de Quinhentos e no Brasil de Setecentos, as preocupações de dirigentes, intelectuais e cidadãos passam ao lado. O que interessa nas discussões é a troika, o euro, os políticos, a banca, a Constituição, a justiça, a imprensa, a educação. O essencial é a busca de culpados, não de soluções. Cada um protesta porque o que tem é menos do que lhe foi prometido e do que acha que devia ter. Como nos tempos da pimenta e do ouro, não se pensa se o que se tem é mais ou menos do que aquilo que se produziu.
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Portugal é semieuropeu, com regras, mecanismos e reivindicações da União, mas sem o correspondente aparelho económico. Esta é a nossa doença: exigir o que não se criou. Nos tempos do império isso foi conseguido indo buscar o que outros povos possuíam. Hoje também. Apesar de semieuropeus, estamos a preparar-nos para pedir de novo ajuda à União, a única hipótese de amenizar o doloroso colapso que aí vem."
A sua empresa depende do mercado interno?

Como é que ela se está a equacionar esta hipótese de "doloroso colapso que aí vem"?
Será que ela está preparada para a eventualidade de um novo 2011?


Trecho retirado de "Semieuropeus"

Para reflexão

Para um país com taxas de crescimento do PIB raquíticas desde há muitos anos "Attack of the zombie firms" dá que pensar:
"WHY has economic growth been so sluggish in the developed world?
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a higher share of industry capital sunk in zombie firms tends to crowd out the growth—measured in terms of investment and employment—of the typical non-zombie firm.
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Zombie firms could drag down productivity in three ways. First, just by being inefficient, they drag down the productivity average for the whole economy. Second, they may crowd out investment by non-zombie firms. And third they may prevent efficient resource allocation by preventing more efficient firms from gaining market share.
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In a sense, the zombie firm phenomenon mirrors the European labour-market problem. Well-intentioned reforms designed to protect workers' rights create a two-tier market; well-paid insiders and unemployed outsiders, with firms reluctant to hire the latter because of the costs of getting rid of them. The developed world may have created an inflexible business market.
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That makes the sudden enthusiasm for "industrial policy" on both sides of the Atlantic all the more worrying. Governments tend to back existing firms, since they have the power to lobby; small start-ups don't get a hearing. But protecting the interests of corporate insiders may, in the long run, make the whole economy as sluggish as one of the walking dead."

sexta-feira, janeiro 13, 2017

Curiosidade do dia

"a descrição que faz da miséria dos baixos salários é verdadeira, mas os salários não eram melhores com o escudo e não ficaram melhores com as desvalorizações feitas por duas vezes em democracia;
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não sei se o dr. Carlos Carvalhas acredita que os erros se pagam no outro mundo, mas eu acredito que se pagam apenas neste, se não por nós próprios, pelos nossos filhos e netos, e por isso é bom aprender a não acreditar em facilidades, como é bom aprender a não cometer erros."

Trechos retirados de "O(s) escudo(s) de Carlos Carvalhas"

Um exemplo português

A propósito de "Máquinas da Rico ligadas em 20 países" alguns pontos que gostaria de sublinhar.
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Primeiro, a importância da especialização:
"nos anos 80 acabou por se especializar em dois tipos de máquinas, quinadeiras e guilhotinas"
Segundo, a lição alemã: percorrer o mundo à procura dos clientes com o mesmo perfil
"Com o virar do século, os donos da empresa chegaram à conclusão que tinham de alterar a estratégia e expandir o número de mercados em que operavam" 
Terceiro, uma empresa portuguesa não tem cultura nem tradição de produzir em grande escala. Assim, deve apostar em subir na escala de valor:
"O principal mercado da Rico, neste momento, é o alemão. "A Alemanha pesa 35% nas nossas vendas e nesse país trabalhamos para o segmento médio alto." 
Quarto, atenção às consequências do reshoring:
"Notámos uma recuperação muito grande no sector da metalomecânica e muitas vezes não temos capacidade de produção", para fazer face aos pedidos"  
Quinto, um sintoma de que a indústria vai ter de repetir o mesmo que se fazia no Porto no final do século XIX no comércio. O sector vai ter de criar a sua própria escola, para formar os seus futuros profissionais, para formar os técnicos que precisa:
""É caricato que exista um problema tão grande de desemprego e as empresas continuem à procura de profissionais." 
A propósito deste esquema:

As ameaças não são internas, logo o problema da competência da empresa será um ponto fraco.
A fata de capacidade de produção referida é outro ponto fraco.
A produção para o mercado da gama média alta na Alemanha é um ponto forte.
Como oportunidades incluiria tendências como Mongo e as pequenas séries e o "é meter código nisso" por exemplo.