domingo, outubro 11, 2015

Do concreto para o abstracto e não o contrário

Quando eu era consultor-criança olhava para este esquema e anuía afirmativamente:
Agora que sou mais adulto, sorrio levemente e, reconheço que o esquema não funciona com as PME-tipo.
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Uma PME-tipo em Portugal não tem condições para começar com uma folha em branco e partir do zero num exercício racional de desenvolvimento de uma estratégia.
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Uma PME-tipo em Portugal ao desenvolver uma estratégia:
  • para aproveitar uma oportunidade com que chocou inadvertidamente; ou
  • para estancar uma hemorragia competitiva que a está a enfraquecer.
Tem, quase sempre, de partir daquilo que tem. Não tem a liberdade de ir à procura do próximo hit, porque isso exige recursos e uma cultura que normalmente não tem.
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Assim, uma PME-tipo dificilmente pode partir racionalmente do abstracto (missão) para o concreto (vantagem competitiva). Porque os recursos são escassos, porque custa muito mudar uma cultura, é mais razoável, com uma PME-tipo, começar pelo fim daquela figura e colocar a questão:
  • Qual é a vossa vantagem competitiva?
  • Em que é que vocês são bons?
  • Em que é que vocês podem fazer a diferença?
  • Por que é que o vosso melhor cliente, a pensar no que é melhor para ele, opta por trabalhar com a vossa empresa?
Normalmente, quem está à frente de uma PME-tipo tem dificuldade em responder, recordar:
Voltando à figura lá de cima e à sequência:
Julgo que já estabelecemos aqui, "Estratégia e pontos fortes, o ovo ou a galinha", que não faz muito sentido começar a classificar algo como forte ou fraco sem previamente ter definido uma estratégia. Recordar os que partem já derrotados.
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Uma PME-tipo, quase sempre, não tem uma estratégia pretendida à priori:
Por isso, a formulação de uma estratégia para o futuro parte muito mais do que emerge da realidade do que a análise racional propõe.
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E voltamos ao promotor da concorrência imperfeita e dos monopólios informais... sim voltamos a David:
"So far in David and Goliath, we've looked at the ways in which we are often misled about the nature of advantages. Now it is time to turn our attention to the other side of the ledger. What do we mean when we call something a disadvantage? Conventional wisdom holds that a disadvantage is something that ought to be avoided - that it is in a setback or a difficulty that leaves you worse off than you would be otherwise. But that is not always the case."
Esquema retirado de "Strategic Management and Competitive Advantage" de Jay B. Barney e William S. Hesterly


  




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