A apresentar mensagens correspondentes à consulta raw milk ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta raw milk ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens

sábado, maio 02, 2020

E se o COVID- 19 matasse o que resta do século XX?

Quando escrevo sobre o século XX penso:
  • no século da produção em massa;
  • no século do eficientismo;
  • no século da competição baseada na escala;
  • no século da competição baseada na redução dos custos unitários;
  • no século da uniformização e da padronização.
"Decades of consolidation have made food systems more vulnerable, say experts. Beginning in the 1980s, the federal government allowed more agribusinesses to merge and grow largely without restraint in the name of efficiency—before, antitrust and other policies helped keep these industries decentralized and competitive. Consequently, a small number of giant, often vertically integrated, firms, produce and distribute the bulk of food in the U.S.
...
Dairy Farmers of America, for example, now controls 30 percent of all raw milk in the United States.
...
In the meat industry, roughly 50 factories process 98 percent of the nation’s beef. The same holds for pork: Following industry consolidation in the late 1980s and 1990s, the portion of U.S. hogs slaughtered in massive, million-head capacity plants rose from 38 percent to 88 percent in just two decades.
...
Larger plants also concentrate more workers in close quarters, causing some of the largest clusters of COVID-19 outbreaks among workers in the country. At least 15 massive meat-processing plants shut down this month, reducing production capacity by 20 percent for both pork and beef. Experts now predict meat consumer shortages within a month and farmers are euthanizing livestock to deal with a sudden backlog of animals.
.
If you pull out one little thing in that specialized, centralized, consolidated chain, then everything crashes,” said Mary Hendrickson, a rural sociology professor at University of Missouri. “Now we have an animal welfare catastrophe, an environmental catastrophe, a farmer catastrophe, and a worker catastrophe altogether, and we can trace a lot of this back to the pursuit of efficiency.”
Como não recordar o esquema de 2008:
Mais eficiência é mais pureza estratégica.
Mais pureza estratégica é mais risco e menos flexibilidade.
Menos flexibilidade é mais mortalidade quando o mundo muda.
"the smallest and most local food providers, such as local farms providing community supported agriculture (CSA) shares, have reacted quickly to the crisis and benefited from a spike in demand for direct food sales. These businesses are not tied to complicated purchasing contracts and often work with multiple buyers and distribution channels, including direct access to consumers.
.
“If you look at what the small farmers are doing, they’re changing on a dime to online ordering systems and delivery,” said Hendrickson. “Those organizations that have the most flexibility and latitude to change are going to be really important in the future.”
.
Finally, public food infrastructure could play a critical role in supporting mid-sized producers, responding to shocks, and serving communities cut out of consolidated supply chains."
E se o COVID- 19 matasse o que resta do século XX? E se o COVID- 19 acelerasse a chegada de Mongo?

Afinal, não tenho repetido por aqui esta frase?

"El coronavirus actúa como acelerador de cambios que ya estaban en marcha...”

Trechos retirados de "Why Are Farmers Destroying Food While Grocery Stores Are Empty?"






terça-feira, julho 23, 2019

A verdade que não nos é contada, acerca do leite (parte II)

Na parte I, em Março de 2012, citei:
"the rise of small farms is possible with sales direct to consumers (raw milk certification), direct processed either by working with small local cheesemakers or small yogurt facilities, or creating on farm processing, agritourism, and young farmer incentives."
A parte I descreve bem a evolução dos efectivos leiteiros numa série de países e a concentração eficientista em curso.

Agora encontro:
"While larger farms get by with government subsidies, smaller farms are turning to the rental economy.
...
are looking to make extra income by renting out space at pastoral Old Crow to vacationers who’d like a taste of New England farm life.
...
city dwellers and suburbanites are hungry to spend their vacation time in a bucolic landscape with the promise of some wholesome downtime and maybe a locally sourced meal. They are part of a growing agritourism trend of family farmers with small to medium farms using their land, food supply, and livestock to attract guests on websites like Airbnb and VRBO, increasing their farms’ revenue and exposure."
Trechos retirados de "How are small farms surviving? Airbnb"

segunda-feira, junho 06, 2016

Diferenciação (parte III)

Parte I e parte II.
.
É algo desesperante lermos o tipo de discurso que se encontra na parte I desta série e encontrarmos cada vez mais informação em linha com o que propomos aqui no blogue há quase 10 anos para o sector do leite.
.
Por exemplo, pensamento estratégico, não são todos iguais:
Chamo a atenção sobretudo para:
"Dairy companies which belong to the “differentiated niche products” and “Mediterranean” clusters will be expected to export smaller quantities but get higher prices as a quality premium on their products. These companies play an important role in adding value to raw milk and to foster a sustainable strategy for maintaining milk production in less advantaged regions, such as mountainous areas."
Claro que estas duas abordagens requerem um modelo de negócio bem diferente do necessário para:
"Dairy farmers and companies belonging to the “large cost leaders” cluster will act as major players on international markets, especially in the segment of low-price dairy products. Their ability to compete on international markets will have a strong influence on milk quantities produced in Europe and milk prices paid to farmers, which will experience upward and downward pressure, respectively. Companies belonging to the “international product champions” cluster are similar to the ones in the “large cost leaders” cluster, but tend sometimes to supply more innovative milk products."
Por exemplo, este caso "O que 130 cabras podem fazer por 19 pessoas" pode ser um bom exemplo do tipo de actividades a considerar quando se desenha um modelo de negócio que não passe por uma proposta de valor baseada no preço mais baixo.
.
Este blogue tem 130 postais com o marcador "leite", muitos deles são sobre o lado estratégico para fugir ao preço mais baixo. Por exemplo:

Trechos e imagem retirados de um saboroso relatório a merecer mais postais e estudo, muito estudo "AGRI-2012-C4-04 - Analysis on future developments in the milk sector Prepared for the European Commission - DG Agriculture and Rural Development" (Setembro de 2013)

quarta-feira, setembro 16, 2015

Nem de propósito

Há dias referi a hipótese de apostar na venda de "raw milk" em "E fechá-los numa sala durante 12 horas?"
.
É a mesma receita da Lego; a aposta na magia, na interacção, na proximidade, na autenticidade, na individualidade.
.
Agora encontro "Why raw milk is 'as controversial as climate change'"
.
BTW, os mais velhos lembram-se do tempo em que não se bebia leite UHT? O leite fervia-se sempre. Até havia um pequeno cilindro de vidro usado para que o leite a ferver não transbordasse da cafeteira.

segunda-feira, setembro 14, 2015

E fechá-los numa sala durante 12 horas?

Este texto publicado ontem, "Consumo de bebidas alternativas ao leite disparou 19% num ano", contém algumas pistas interessantes para reflexão.
.
O primeiro ponto a chamar a minha atenção foi este número:
Ainda antes de ler o conteúdo do artigo, "saltei" para a loja online de um hipermercado e comparei os preços destas bebidas alternativas com o do leite.
"Mesmo com preços que podem começar nos 0,79 euros, quase o dobro de um litro de leite UHT, estão a conquistar cada vez mais adeptos, numa altura em que o consumo de produtos lácteos está a cair e os produtores se confrontam com excesso de produção e uma vertiginosa queda de preços."
Isto merecia meter uma dúzia de produtores fechados numa sala durante 12 horas a reflectir sobre o que isto quer dizer. O problema não é o preço! 
.
Interessante como o mundo muda e os intervenientes continuam influenciados, manietados, cegos, pelas leis do passado.
.
OK, o problema não é preço.
Mas o leite é a commodity alimentar por excelência.
.
.
Em que é que uma dúzia de produtores pode apostar para que o seu leite deixe de ser uma commodity? Têm de o entregar às mega-fábricas que os anonimizam? Seria diferente se pudessem vender leite que fosse mais próximo do leite de vaca? Seria diferente se pudessem vender leite que fosse rastreável à sua exploração concreta?
Seria diferente se pudessem vender leite que jogasse a cartada da autenticidade e da proximidade?
Alguém devia mostrar-lhes aquela frase sobre os vinhos do Douro:
«O lucro de 10 mil garrafas de LBV é o mesmo de 400 mil garrafas de Tawny.»
Será que no futuro continuará a fazer sentido trabalhar para uma mega-fábrica a perder dinheiro só porque foi sempre assim que se trabalhou?
.
Recordar:
(2012)"he rise of small farms is possible with sales direct to consumers (raw milk certification), direct processed either by working with small local cheesemakers or small yogurt facilities, or creating on farm processing, agritourism, and young farmer incentives."
Escrevi o trecho acima ontem. Hoje, li "Holandês lança queijo tipo gouda "made in" Alentejo". Reparem no que saliento:
"O queijo é feito com o leite, "não pasteurizado e biológico", das 15 vacas da quinta,
...
A produção de queijo tipo gouda arrancou em 2010, após a falência da empresa espanhola que comprava o leite produzido na quinta, mas a licença para a sua venda só foi obtida "quase há dois anos".[Moi ici: 3 anos para obter uma licença... a protecção aos incumbentes, a insanidade dos burocratas, ...]
...
A ideia de fazer queijo, conta, "esteve adormecida durante mais de 20 anos", mas, com o fim do negócio da venda de leite, lembra que decidiu voltar ao seu "ofício antigo".
...
"Optámos por um regime extensivo, sem praticamente [utilizar] rações e só pastagem verde e fenos", assinala, indicando que, desde então, já não vende leite para fora e "todo o leite produzido é para transformação em queijo".
...
Uma unidade hoteleira de Évora, um restaurante e um supermercado de Montemor-o-Novo e lojas gourmet e de produtos biológicos de Lisboa e do Algarve são os principais clientes de Jan Anema."
Notas:
  • Estranho que um artigo [o inicial] deste tipo não refira nem uma das críticas e receios que estão a crescer em relação às bebidas de soja.
  • Será que os produtores de arroz podem aproveitar o interesse crescente por leite de arroz?




quinta-feira, setembro 04, 2014

Quintas-feiras e quando não há independência e liberdade (parte III)

Parte I e parte II.

Mas nem tudo está perdido, sintomas que dão esperança através de Mongo:
"In the popular resort town of Cannes, Fromagerie Céneri is one of only two cheesemongers left. The owner, Hervé Céneri, stocks 98% raw milk cheese. “Here in Cannes, I have spotted a trend back towards proper cheese. I believe there is a growing recognition that our heritage is in grave danger and people are now coming back. Our great tradition, despite a concerted attempt to destroy it, is still out there. When people like Sébastien Paire, with his 100 sheep in the hills above Nice, continue to make fabulous cheese, there is always hope.”"
A tecnologia, desde que os Quintas-feiras, objectivamente ao serviço dos lobbyes, não interfiram, pode salvar a tradição. Ver "How the Internet Saved Handmade Goods":
"Some old technologies, after being rendered obsolete by better and cheaper alternatives (indeed even after whole industries based on them have been decimated), manage to “re-emerge” to the point that they sustain healthy businesses.
...
Consider the re-emergence of artisanal goods.  No doubt you are aware of the explosion of the market – some call it a movement – in handcrafted products.
...
Who are these makers if not the revivers of dying or, in some cases, long extinct technologies? Yet it’s thanks to new digital tools such as Etsy, an Internet marketplace selling hand-made goods from around the world; and Kickstarter, the “crowdfunding” site that mediates donation-based funding for a range of products and services, that these artisans can now find and serve their tiny, global markets of customers.  These are segments that would have been impossible for individual artisans to organize in a cost-effective way before the rise of the Internet and electronic communication tools that cut out expensive middlemen and asset-heavy enterprises.
...
The point is not that most consumers will ever care enough to choose soap that is made with goat’s milk, or lard, or without any animal product. On the contrary, the point is that it isn’t necessary for most consumers to do so. With handmade soap selling for $4-6 a bar, while mass-produced soap retails for about $1, sellers can do fine with small, loyal customer bases."


segunda-feira, setembro 01, 2014

Quintas-feiras e quando não há independência e liberdade (parte II)

Parte I.
.
França!
Terra da política agrícola comum, com todas resmas e paletes de apoios e subsídios.
Terra habituada ao papel do Estado central como orientador bem intencionado de tudo um pouco.
E terra de origem de grandes marcas da distribuição grande, sempre focadas na eficiência e nos custos baixos.
.
Paraíso para a actuação de Quintas-feiras.
.
Depois, temos coisas como esta "French Cheesemakers Crippled by EU Health Measures":
"90% of the producers have either gone to the wall or are in the hands of the dairy giants. This is thanks to a mixture of draconian health measures in Brussels, designed to come down hard on raw milk products, and hostile buyouts by those who want to corner the market.
.
Unpasteurised milk, which gives a unique earth-and-fruit flavour, has been gradually marginalised on false public health pretexts after intense lobbying by the food processing industry, to the detriment of the consumer but the incalculable advantage of those producing cheese made with pasteurised milk.[Moi ici: Será ingenuidade minha pensar que são Quintas-feiras ingénuos manipulados pelos Golias?]
...
The cheese war is particularly savage in Camembert, an area where there are now only five authentic local producers left. It has fallen victim to a culture that favours a production line that can churn out 250,000 Camembert cheeses a day.[Moi ici: Vómito industrial]
.
“The big industrial producers will not tolerate the existence of other modes of production. They are determined to impose a bland homogeneity upon the consumer – cheese shaped objects with a mediocre taste and of poor quality because the pasteurisation process kills the product,”
...
Around 95% of French cheese is sold in supermarkets and even here the specialist counters are fast-disappearing in favour of aisles featuring brands of spreadable, chemical and artificially flavoured products."

sexta-feira, março 09, 2012

A verdade que não nos é contada, acerca do leite

O monstro pode não ir embora, mas podemos flanqueá-lo.
.
O leite é a commodity alimentar por excelência.
.
A classificação não é minha e já a usei várias vezes neste espaço (por exemplo aqui e aqui).
.
Tratando-se de uma commodity, qual é a alternativa que um produtor leiteiro tem?
.
Ou assume que está a trabalhar com uma commodity e aposta na eficiência e na escala, ou procura fugir desse campeonato e busca outras alternativas.
.
O que me entristece é que estas verdades não permeiam o discurso dos produtores e dos políticos.
.
Por várias vezes já referi aqui, por exemplo, o crescimento do efectivo pecuário na Europa ao longo dos anos, consequência natural para um negócio de preço mais baixo. Agora, leiam este artigo e os seus números "Even Dairy Farming Has a 1 Percent".
.
É tão claro, é tão linear o fluxo dos acontecimentos, é matemática pura a funcionar. Imaginem o que vai acontecer com o fim das quotas leiteiras...
.
Quem é que está a preparar-se para o fim das quotas leiteiras? Quem se está a preparar para o depois de amanhã?
"This, despite the fact that dairy farming has become shockingly more productive. When Bob was a kid, during the Depression, he and his 10 siblings milked the family’s 15 cows by hand and produced 350 pounds’ worth of milk per day. By the time Robert was a teenager, in the 1970s, the farm had grown to 90 cows — all of which were milked automatically through vacuum technology — and sold around 4,000 pounds of milk per day. Now the Fulpers own 135 cows, which produce more than 8,000 pounds of milk."
 E pensam que 135 cabeças é muito? Basta recordar estes valores sobre a dimensão média das explorações em termos de cabeças:
"Milk went from a local industry to a national one, and then it became international. The technological advances that made the Fulpers more productive also helped every other dairy farm too, which led to ever more intense competition."
Depois, os comentários têm informações preciosas que ajudam a compor o cenário:
"I have cousins in the Albany area that are still in dairy, but their operation is enormous by our grandparents' standards. In both western NY (my current home), and northern NY, in Lewis County, the most successful dairy operations have at least 1000 head."
"One farm in Indiana has 30,000 cows, and is a tourist attraction, with its own off-ramp on the interstate."
Interessante este comentário de um neo-zelandês, de um país sem subsídios mas que é um grande exportador agrícola e leiteiro:
"Speaking from the perspective of a New Zealander - When my father took over the family dairy farm 30 years ago he was milking 60 cows and making a living. My first job was working on a farm that milked 180 cows. Today you don't have a dairy farm unless you are milking 1000 cows and that is not a big herd.
Os comentários também referem algumas alternativas a esta espiral típica do Red Queen effect:
"I'm lucky to have a great dairy nearby in Pittsford, NY, where they sell their own milk in glass bottles. I believe they make most of their revenue from their value-added products (e.g., ice cream), and the other food items they sell in their shop. Not so much from the milk, unfortunately (although it's of very high quality)."

"the rise of small farms is possible with sales direct to consumers (raw milk certification), direct processed either by working with small local cheesemakers or small yogurt facilities, or creating on farm processing, agritourism, and young farmer incentives."
Qual é o argumento que nos dão, e que os jornalistas nem questionam, para explicar o leite muito barato que entra em Portugal? Fraca qualidade. Desconfio que é a única justificação que conseguem encontrar para explicar a disparidade de preços.
.
Nos comentários, pode-se perceber que há uma corrente de belgas e holandeses que estão a vender as suas explorações leiteiras na Europa e a emigrarem para os Estados Unidos onde compram terrenos e instalam novas unidades, ou seja, já estão a fazer a concentração eficientista nesses países europeus e a prepararem-se para o pós-quotas leiteiras.
.
Como é que queremos lidar com o monstro se fechamos os olhos?
.
Alternativas aqui e aqui, por exemplo.
.
Sem estratégia, sem reflexão, sem inovação, o monstro não vai embora.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Impressão 3D, talvez um filme ilustre melhor a revolução que aí vem

Às vezes as imagens são mais claras que as palavras, para descrever o potencial de mudança que está à beira de rebentar por detrás do progresso das impressoras 3D.
.
Neste filme

Full Printed from nueveojos on Vimeo.

chamo a atenção sobretudo para o que se passa na mente do miúdo quando começa a recuar no tempo e a visualizar a história daquela peça.
.
Produção em massa, concentrada, transporte intercontinental, distribuição em grande, marketing em grande... tudo posto em causa (em alguns sectores).
.
And BTW:
.
"Tomorrow’s homeowners may print out everything from utensils to furniture with 3D printers — and they may not even need to buy raw materials. Instead, they could simply recycle milk jugs, shampoo bottles and plastic packaging into plastic filaments usable by the 3D printers.".
Da próxima vez que passar por um supermercado aprecie a quantidade de itens que poderão, no futuro, ser impressos numa impressora 3D.